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Violência contra as mulheres em Campos: os urgentes desafios e medidas de prevenção

O município de Campos enfrenta um alarmante aumento na violência contra as mulheres, de acordo com o Dossiê Mulher 2023 divulgado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) nesta semana. Os números revelam uma realidade preocupante, com um aumento de aproximadamente 12% no número de mulheres vítimas de violência entre 2021 e 2022. A situação é ainda mais grave quando se trata de feminicídios, que aumentaram assustadores 50% no mesmo período.

Em 2022, 2.370 mulheres foram vítimas de diferentes formas de violência em Campos, em comparação com 2.118 em 2021. Isso é um alerta para a urgência de abordar esse problema crescente. Além disso, a violência psicológica se destacou como o crime mais frequente entre as mulheres pelo segundo ano consecutivo, afetando 34,8% das vítimas.

No âmbito de Campos, os números são igualmente preocupantes, com um aumento de 50% nos casos de feminicídios, indo de 4 em 2021 para 8 em 2022. A violência psicológica afetou 825 vítimas, representando 34,8% dos casos, enquanto a violência física correspondeu a 28,9% dos registros, com um total de 686 vítimas. A violência moral ocupou o terceiro lugar (18,5%), seguida pela violência patrimonial (8,6%) e sexual (6,4%).

O Dossiê também destaca os diferentes tipos de delito, com o crime de ameaça sendo o mais comum em 2022, com 731 casos registrados, seguido de lesão corporal (661), injúria (360), violação de domicílio (112) e estupro (106). Esses números refletem um ambiente onde as mulheres enfrentam diversos tipos de violência, desde ameaças até agressões físicas.

Além disso, o Dossiê oferece informações valiosas sobre o perfil das vítimas em Campos. A maioria das vítimas eram mulheres brancas (46,7%), com idades entre 30 e 59 anos (53,1%), solteiras (46,5%), e com ensino médio completo (31,7%). Um dado alarmante é que a maioria dos crimes ocorreu em casa (59,3%) e foi perpetrada pelo companheiro ou ex-companheiro (56,1%). Isso destaca a necessidade de focar em situações de violência doméstica e familiar.

A violência psicológica também se destaca em todo o estado do Rio de Janeiro, afetando 43.594 mulheres em 2022. Mais de metade desses crimes ocorreu em ambiente doméstico e foi cometida, em sua maioria (67,6%), por pessoas conhecidas. A faixa etária predominante das vítimas estava entre 30 e 59 anos, e a maioria delas era negra. Isso reforça a importância de medidas de proteção, incluindo a aplicação da Lei Maria da Penha, especialmente em casos de violência doméstica.

Para combater essa escalada da violência contra as mulheres em Campos e em todo o estado do Rio de Janeiro, é crucial adotar uma série de medidas:

Conscientização Pública: A conscientização é fundamental. Campanhas de conscientização e educação devem ser promovidas em escolas, comunidades e locais de trabalho para disseminar informações sobre os direitos das mulheres e as consequências da violência.

Políticas de Prevenção: O governo estadual deve implementar políticas de prevenção que abordem diretamente as causas subjacentes da violência de gênero, incluindo programas de educação e empoderamento das mulheres.

Apoio às Vítimas: É essencial oferecer apoio às vítimas, incluindo acesso a abrigos seguros, serviços de aconselhamento e assistência jurídica.

Policiamento Especializado: Iniciativas como a Patrulha Maria da Penha são cruciais para garantir a segurança das vítimas e o cumprimento de medidas protetivas.

Utilização de Tecnologia: O aplicativo Rede Mulher é uma ferramenta valiosa que permite que as mulheres solicitem ajuda de forma rápida e eficaz. A promoção do uso dessas tecnologias deve ser incentivada.

Análise de Dados: A análise detalhada dos dados, como o perfil etário dos agressores, deve ser utilizada para desenvolver medidas preventivas e educacionais direcionadas a grupos específicos.

Em resumo, os dados apresentados no Dossiê Mulher 2023 são alarmantes e exigem ação imediata. A violência contra as mulheres em Campos e no Rio de Janeiro como um todo é uma realidade que não pode ser ignorada. A conscientização, políticas públicas eficazes e medidas de prevenção são cruciais para proteger as mulheres e garantir que vivam livres de violência e medo. O compromisso do governo estadual com a proteção das mulheres, como evidenciado pelas iniciativas mencionadas, é um passo na direção certa, mas muito mais precisa ser feito para reverter essa tendência alarmante.