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Taxação de Trump ao Brasil: submissão, prejuízo e o papel vergonhoso da política

É escandaloso e profundamente lamentável que o Brasil se veja alvo de uma taxação punitiva de 50% sobre todos os seus produtos exportados aos Estados Unidos, não por razões comerciais legítimas, mas por interesses pessoais e políticos de uma família que já não representa o país. O episódio atinge o ápice do absurdo ao vermos o próprio filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, atuar nos bastidores para estimular essa taxação, numa tentativa desesperada de pressionar o Congresso brasileiro a aprovar uma anistia que livraria seu pai da cadeia. Trata-se de uma conduta que afronta a soberania nacional e sacrifica empregos, empresas e a dignidade do trabalhador brasileiro em nome de interesses familiares.

Não há patriotismo algum em estimular sanções estrangeiras contra o próprio país. O que se vê é submissão vergonhosa aos interesses dos Estados Unidos e ao projeto pessoal de sobrevivência política de Bolsonaro e seus aliados. O próprio presidente Lula denunciou publicamente que a iniciativa da taxação partiu da influência direta de Eduardo Bolsonaro sobre Donald Trump, numa articulação que coloca o Brasil de joelhos diante de uma potência estrangeira, apenas para tentar salvar um ex-presidente de responder por seus crimes na Justiça brasileira.

A tarifa de 50% imposta pelos EUA entra em vigor de forma automática, atingindo todos os setores exportadores brasileiros sem distinção. Os principais afetados são a indústria e o agronegócio, com produtos como carne bovina, frango, soja, café, suco de laranja, aço, ferro, petróleo e aeronaves, que juntos representam a maior parte das exportações para os EUA, tendo suas margens de lucro drasticamente reduzidas. Empresas como Vale, Gerdau e Embraer enfrentarão custos insustentáveis, o que pode levar à redução de investimentos, fechamento de fábricas e demissões em massa. O impacto direto será o corte de empregos, já que as empresas precisarão reduzir custos para sobreviver. Com menos dólares entrando no país, o câmbio tende a se desvalorizar, pressionando ainda mais a inflação e o poder de compra da população. Pequenos e médios exportadores também serão fortemente prejudicados, pois muitos contratos podem se tornar inviáveis, levando ao abandono do mercado norte-americano e à busca, nem sempre possível, de novos parceiros comerciais. O resultado é insegurança, retração econômica e aumento do desemprego.

A justificativa apresentada por Trump para a taxação é frágil e distorcida. Ele alega suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil, o que é desmentido por dados oficiais: na verdade, os EUA têm superávit na relação bilateral. O verdadeiro motivo é político: retaliação contra decisões do Supremo Tribunal Federal brasileiro e, principalmente, pressão para interferir no julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. A submissão explícita de Eduardo Bolsonaro e aliados a Trump, incentivando sanções contra o próprio país, é um ato antinacional e antipatriótico. Não se trata de defender a liberdade ou a democracia, mas sim de proteger interesses pessoais e familiares, mesmo que isso custe caro ao povo brasileiro.

Além do prejuízo direto para o Brasil, a medida também não traz benefícios reais para os Estados Unidos. Setores americanos que dependem de insumos brasileiros, como o agronegócio e a indústria de tecnologia, também serão afetados. Em vez de fortalecer laços, a taxação cria um ambiente de hostilidade e incerteza, prejudicando ambos os lados e ignorando os princípios do livre comércio defendidos internacionalmente.

A taxação de Trump ao Brasil, estimulada por interesses mesquinhos da família Bolsonaro, é um ataque direto à economia nacional, à soberania e ao trabalhador brasileiro. Não é patriotismo, é submissão. O Brasil precisa reagir com firmeza e unidade, defendendo seus interesses e repudiando qualquer tentativa de usar o país como moeda de troca em disputas pessoais ou políticas externas.