Esporte

Seleção: Dorival tem missão de recuperar tempo perdido em duelos com lanternas


Treinador anuncia nesta sexta lista para partidas contra Chile e Peru. Em menos de dois anos, Brasil já perdeu mais e sofreu mais gols do que entre Rússia e Catar, e chamou 70 jogadores / Foto: Reprodução
— Está claro que depois da Copa do Mundo perdemos tempo e isso faz com que estejamos um passo atrás.

A declaração do capitão Danilo antes da derrota para o Paraguai ecoa como um alerta para uma seleção brasileira que busca rumos até 2026. Com nova convocação nesta sexta-feira, às 13h (de Brasília), na sede da CBF, Dorival Júnior terá diante do Chile, fora de casa, e do Peru, em Brasília, a missão de recuperar o tempo perdido em um ciclo claudicante até agora.


Se Danilo evitou enumerar problemas que tomam conta da Seleção desde a Copa do Catar, basta olhar os resultados e fazer uma rápida comparação com a condução do ciclo anterior, entre 2018 e 2022, para ver que o Brasil tem muito a caminhar para reconquistar a confiança do torcedor. Seja com marcas negativas, seja na quantidade de jogadores testados, a Seleção ainda busca um rumo que indique a solidez necessária para os ajustes por um futebol mais vistoso e eficiente.

Desde a eliminação para a Croácia, nas quartas de final da Copa, em 9 de dezembro de 2022, Dorival Júnior já é o terceiro treinador e apresentará nesta tarde mais uma lista. Neste ciclo, 70 jogadores foram convocados até o momento, incluindo também as passagens de Ramon e Fernando Diniz. Para efeito de comparação, nos quatro anos e meio entre a eliminação para a Bélgica, na Rússia, e a chegada ao Catar, Tite chamou 87 jogadores.

Se levarmos em conta apenas quem entrou em campo, o comparativo é ainda mais impressionante. Em um ciclo maior do que de costume porque o Mundial foi no fim do ano de 2022, Tite utilizou 63 atletas. Da Copa para cá, em um ano e dez meses, 62 atletas já foram testados. Foram 50 estreias na preparação anterior contra 37 até agora nas convocações visando a Copa que será disputada nos Estados Unidos, no Canadá e no México.

Brasil no ciclo entre 2018 e 2022
50 jogos
37 vitórias
10 empates
3 derrotas
111 gols marcados
19 sofridos
87 convocados
63 utilizados
50 estreantes
Mais do que os testes em momento de renovação da Seleção, o que chama a atenção negativamente é a diferença de resultados. Entre 2018 e 2022, o Brasil fez 50 jogos com 37 vitórias, 10 empates e apenas três derrotas, 111 gols marcados e 19 sofridos. Agora, com apenas 19 exibições, são mais derrotas (5) e mais gols sofridos (23).

Os números são muito condicionados por um 2023 desastroso, quando sob o comando de Ramon e Diniz o Brasil perdeu mais do que venceu. Em nove partidas, foram cinco derrotas, um empate e apenas três vitórias. Desde a chegada de Dorival, são dez jogos, com quatro vitórias, cinco empates e a derrota para o Paraguai no Defensores del Chaco.

Brasil depois da Copa de 2022
19 jogos
7 vitórias
6 empates
6 derrotas
29 gols marcados
23 gols sofridos
70 convocados
62 utilizados
37 estreantes
“Neste momento, estamos um passo atrás. Tivemos muita instabilidade, nomes, treinadores, estratégia, planos, jogadores, pensou um caminho de renovação ou não”
– Perdeu-se tempo em relação a isso, o que faz com que estejamos certamente um passo atrás das principais potencias. Tudo isso porque o nosso conjunto não está bem feito – disse Danilo na mesma entrevista da frase inicial deste texto.

O puxão de orelha do capitão tem consigo recados nas entrelinhas, que vão desde a indefinição sobre o treinador no ano passado até problemas internos que são de conhecimento coletivo nos bastidores da CBF. A postura centralizadora do presidente Ednaldo Rodrigues atrasa processos, incluindo até definição de datas de convocação.

Na Data Fifa de setembro, por exemplo, o acesso ao Couto Pereira para a montagem da estrutura para a partida contra o Equador foi atrasado porque a entidade demorou a cumprir exigências e acordos feitos com o Coritiba.

O “tempo perdido” citado por Danilo também é refletido diretamente em resultados. Além da queda nas quartas de final da Copa do Catar, o Brasil foi eliminado na mesma fase nos Mundiais Sub-17, Sub-20 e na última Copa América, ficou fora das Olimpíadas de Paris e faz sua pior campanha na história das eliminatórias, ocupando o quinto lugar, com dez pontos, após oito rodadas.

Na competição, o Brasil perdeu pela primeira vez como mandante, perdeu três partidas consecutivas também pela primeira vez e ainda foi superado pela Colômbia em outro feito inédito na história das eliminatórias. A derrota para o Uruguai, em Montevidéu, colocou fim a um tabu de 22 anos e caiu ainda diante do Paraguai depois de 16 anos.

Fatos que escancaram um ciclo que liga o sinal de alerta para a Seleção, como verbalizado por seu próprio capitão. Dorival Júnior convoca nesta sexta os 23 jogadores para pegar o Chile, dia 10, em Santiago, e o Peru, dia 15, no Mané Garrincha, em Brasília.

Vice-lanterna e lanterna das eliminatórias, adversários sob medida para acelerar processos e voltar aos trilhos rumo à final da Copa do Mundo que o treinador prometeu para 2026.

Fonte: GE