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Seguro de automóveis sobe até 20% com falta de peças para reparo

Contratar um seguro para o carro está mais caro. O movimento de alta é impulsionado principalmente pelo atraso na entrega de peças de manutenção e reparo de veículos. Conforme informou a coluna de Míriam Leitão, essa escassez faz com que as seguradoras demorem até seis meses para realizar reparos nos automóveis.

Com a lentidão do conserto, o cliente passa mais tempo com o carro reserva, encarecendo o serviço, explica o presidente da comissão de seguro de automóvel da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Marcelo Sebastião.

Uma das maiores redes de franquias de seguros no Brasil, a Seguralta percebe um aumento entre 15% e 20% no preço do seguro para carros em 2023. No ano passado, um seguro para automóvel custava entre 4% e 4,5% do valor do automóvel. Atualmente, esse valor varia entre 6% e 7%.

Sebastião, da Fenseg, ressalta a preocupação do setor com um possível agravamento da falta dos itens.

— A revisão de preço é constante, e de alguma forma as despesas relacionadas aos sinistros, em especial pela extensão de tempo de carro reserva, já são levadas em consideração no preço final do seguro ao consumidor. É fato que os atrasos nos reparos agravam as despesas com o sinistro, e a preocupação das seguradoras é que esse cenário, que já persiste há mais de um ano, possa se agravar, com a ausência de novos itens — avalia.

Na prática, segundo estimativas da Seguralta, antes um veículo que custava R$ 70 mil tinha o seguro no valor de aproximadamente R$ 3 mil. Agora, o preço fica de R$ 4,2 mil a R$ 4,9 mil, dependendo da cobertura e da seguradora.

O seguro para um Onix Flex 1.4 modelo 2014, por exemplo, que em 2022 custava R$ 1.226, passou para R$ 1.420 em 2023, um aumento de 15,8%. Os valores são de um seguro completo com franquia reduzida, ou seja, quando o segurado paga um pouco a mais na mensalidade do seguro, mas em caso de sinistro, pagará um valor menor.

— A dificuldade em encontrar peças e a alta do valor impactam o custo do sinistro de duas formas, aumentando o custo médio de reparo como também elevando o percentual de perda total. A demora no prazo e a dificuldade de encontrar peças no mercado é um dos motivos que impactaram na alta dos seguros, uma vez que compõem o cálculo da seguradora — explica o diretor de operações da Seguralta, Pascoal Carrazzone.

Carrozone acrescenta que, além do problema com abastecimento de peças pelas montadoras, a alta nos valores dos veículos — novos e usados — e o aumento do furto e roubo de veículos contribui para o encarecimento do serviço . Além disso, ele explica que também existem mais veículos circulando, o que amplia o número de acidentes e pessoas usando o seguro.

Fonte: O Globo