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Quissamã em clima de normalidade após ações do tráfico

Nos últimos dias, medo e tensão têm alterado a rotina dos moradores de Quissamã, no Norte Fluminense. Quadrilhas rivais têm disputado território para manter o comércio ilegal de drogas na cidade. Traficantes já trocaram tiros em algumas ocasiões, o que provocou pânico entre a população. As aulas nas escolas da cidade retomaram nesta segunda-feira (30). Entretanto, na última sexta-feira (28), as unidades de ensino foram fechadas por temerem ações dos criminosos.  A situação também preocupa o governo municipal. A prefeita Fátima Pacheco se manifestou em redes sociais, onde afirmou ter solicitado apoio policial para a segurança e combate à criminalidade no município.

Quissamã tem pouco mais de 25 mil habitantes, de acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de um dos maiores municípios em extensão territorial do Rio de Janeiro, onde fica a maior área do Parque Nacional de Jurubatiba. Conhecida pelas belezas naturais e pela hospitalidade, a vida pacata dos moradores passou a sofrer com a ação de traficantes de drogas. A maioria das pessoas evita se expor, temendo represálias. De acordo com informações da 130ª Delegacia de Polícia Civil de Quissamã, em 2022, cinco pessoas morreram na cidade por envolvimento com o tráfico de drogas.

Uma moradora, que prefere não se identificar, disse à reportagem que há pouco mais de um ano a violência aumentou na cidade. “O consumo e o comércio de drogas têm sido assustador. Aqui é muito fácil as pessoas se encontrarem. A gente teme pela vida, pois já morreu gente por envolvimento com o tráfico”, comenta.

No início da noite da última quinta-feira (27), houve confronto policial com traficantes nas regiões de Caxias, Retiro e Santa Catarina. Pelo menos cinco suspeitos conseguiram escapar se escondendo em uma área de mata. “No fim da tarde, vimos muitos carros de polícia em alta velocidade indo para Santa Catarina. Estava próximo do horário de saída das escolas. Muita gente sentiu pânico”, contou um morador.

A ação dos traficantes acabou provocando paralisação das aulas na última sexta-feira (28). Muitas escolas decidiram não abrir as portas na região central e nos distritos da zona rural. Entre as unidades estão o Instituto Federal Fluminense e o Colégio Estadual Visconde. Um comunicado aos pais dos alunos foi enviado pela direção do Colégio Cenecista.

Notícias falsas atrapalham

Um outro problema que tem afligido pais e profissionais de educação em Quissamã é o compartilhamento de notícias falsas. Por meio de redes sociais, fake news têm sido espalhadas sobre supostas ações e ameaças de traficantes que quase sempre não se confirmam. Isto também tem alterado a rotina da população. “Todo mundo usa rede social. Surge notícia de todo o lado. A gente acaba acreditando” diz uma moradora da cidade.

Prefeita e PM se manifestam

Na última semana, a prefeita Fátima Pacheco usou suas redes sociais para orientar a população sobre ações de segurança junto à polícia da cidade. Por meio de nota, a assessoria da prefeita alegou que “a Prefeitura de Quissamã informa que mantém contato diariamente com as Polícias Militar e Civil, além de solicitar uma reunião com a cúpula da Segurança do Estado do Rio. Paralelo a isso, o governo municipal mantém duas equipes do Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS), com oito policiais militares no total diariamente para reforçar a segurança no município, além de garantir investimento para a Guarda Municipal, como a aquisição de veículos.  A Prefeitura também investe em ações na área social, com sete programas sociais, com investimento mensal de aproximadamente R$ 1,5 milhão.

A reportagem também procurou pela Secretaria de Estado da Polícia Militar para que informasse sobre as ações de combate ao crime em Quissamã. O governo estadual emitiu a seguinte nota:

“O comando do 32º BPM (Macaé) está atento à movimentação criminosa na região e tem desencadeado ações estratégicas para reprimir os grupos marginais e seus deslocamentos no perímetro. De acordo com os números do ISP, houve cinco registros de homicídios dolosos na referida CISP entre janeiro e abril deste ano, sendo um a menos que no mesmo período do ano passado. A letalidade violenta também apresentou queda de sete para cinco casos no mesmo período. Além desses aspectos, indicadores importantes apresentaram números baixos na região nesse mesmo comparativo dos primeiros quatro meses do ano, com o registro de cinco roubos de rua e seis roubos de veículos. O batalhão segue empregando efetivo ostensivo e direcionado às áreas críticas, assim como realizando estudos integrados com a delegacia da área para identificar e prender os membros dos grupos criminosos que insistem em atuar no município”.

Fonte: Terceira Via

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