Professora de São João da Barra conquista Prêmio Arte na Escola Cidadã
O Instituto Arte na Escola anunciou os vencedores da 24ª edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã. Entre as premiadas, está a Amanda de Melo, do Instituto Federal Fluminense, no Campus avançado localizado em São João da Barra.
A professora representa o Norte do Estado através do “Projeto Arte e Espaços: Visualidades, afetos e pertencimento em São João da Barra”. Confira o resumo do que foi apresentado:
Os alunos do 2° ano puderam repensar o município onde vivem: culturalmente ativo, com o maior carnaval de rua do interior do Rio de Janeiro, embora mais conhecido pelo distrito de Atafona, uma praia que sofre com a erosão causada por uma combinação de fatores naturais e humanos, que faz com que o mar avance cerca de 6 metros por ano, submergindo casas. Em geral, os estudantes, de famílias de pescadores e pequenos agricultores e comerciantes da região, tinham como imaginário que “até o mar aqui é feio”. A autora do projeto explorou o olhar estético da turma, o valor simbólico e o sentido de pertencimento sobre os espaços do município, fazendo com que os adolescentes observassem a arte urbana, a relação entre arte e natureza, as intervenções artísticas e os mapas afetivos, buscando criar maior compreensão sobre o entorno e sobre o valor simbólico e estético desses espaços. Outra preocupação foi criar uma narrativa sensível para o mar.
Como prêmio, o professor proponente do projeto premiado de cada categoria receberá 10 mil reais além de certificado para ele e para a escola. O Prêmio é realizado pelo Instituto Arte na Escola, organização mantida pela Fundação Iochpe.
Mais de 500 educadores de várias parte do país se inscreveram para participar, apresentando projetos que envolviam uma ou mais linguagens artísticas (música, teatro, artes visuais, dança) e realizados entre 2019 e 2022 em escolas de ensino formal , públicas ou particulares, com turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“O Prêmio Arte na Escola Cidadã é motivo de muito orgulho para o Instituto Arte na Escola por ser a prova viva do trabalho verdadeiramente transformador e inovador dos professores de Arte de todo o país. Mesmo com todas as dificuldades, eles conseguem provocar muito brilho nos olhos dos alunos”, diz Claudio Anjos, presidente do Instituto Arte na Escola.
Confira quem são os outros vencedores, onde lecionam e um pouco sobre o projeto desenvolvido por cada um:
EDUCAÇÃO INFANTIL
LARISSA BECKERT, CEI Adolfo Artmann, Joinville (SC)
Projeto Traços que movimentam
Com um acervo de materiais diversificado, tais como barro, areia, argila, tintas naturais e artificiais, cola branca e colorida, lixa, papeis variados (coloridos, camurça, contact, kraft, papelão, alumínio, oleado, celofane, papel filme e crepom), giz de cera e de lousa, elásticos, tecidos, bolas, bacias, lanternas, mesa de luz, rolo de papel higiênico, galhos de árvores, canetinhas, canetões e diferentes formatos do corpo, as crianças de dois anos de idade foram convidadas a rabiscar em cima, embaixo, com as mãos, com os pés e com corpo todo, riscando paradas e em movimento, manuseando diferentes suportes riscantes e respeitando o limite de cada corpo. Foram usados diversos espaços da unidade escolar, como o gramado, o espaço da areia, os corredores, a sala de referência da turma, a varanda e a casa de um vizinho parceiro escola. O projeto comprova como o barro, por mais simples que seja, pode ser usado para criar inúmeras possibilidades de aprendizagem e manipulação para os pequenos que estão descobrindo um mundo à primeira vista.
ENSINO FUNDAMENTAL 1
ANA CAROLINA TAVEIRA, EM Elpídio Reis, Campo Grande (MS)
Projeto Territórios: América Latina e Gêneros
O projeto revela a importância da experiência estética com artistas latino-americanos e como é possível desconstruir os estereótipos de gênero em sala de aula. Por meio da exploração de diversos trabalhos de artistas latino-americanos, tais como Ana Bella Geirger (Brasil), Joaquín Torres Garcia (Uruguai), Harmonia Rosales (Cuba), Hernán Lira (Argentina), Paz Errázuriz (Chile) e Pri Barbosa (Brasil), os alunos do 5o. ano compreenderam que poderiam fazer uma ponte entre o que somos e os outros que seremos, se reconhecendo e entendendo porquê e como os padrões e estereótipos de gênero, que perpassam a escola, interferem nas suas produções criativas e identidade.
ENSINO FUNDAMENTAL 2
DALILA XAVIER, EM Aleijadinho, Ouro Preto (MG)
Projeto Histórias Transatlânticas: O mar como território da arte e patrimônio cultural afro-brasileiro
Os alunos do 6o. ao 9o. ano exploraram a cultura negra, que está na essência local, já que segundo o censo do IBGE de 2010, o município possui cerca de 70% da população autodeclarada negra. Considerando o racismo estrutural, oriundo do processo de colonização e do sistema escravocrata que sempre depreciou a cultura africana bem como a indígena, a autora do projeto levou a turma a compreender e refletir sobre o conceito de afro-patrimônio e sua presença nas diversas regiões do país, exercitando o pensamento crítico acerca do racismo presente em nosso país e suas consequências em nosso cotidiano, além de compreender elementos da linguagem audiovisual. Dentre as atividades do projeto, a turma pôde viajar para o Rio de Janeiro, para conhecer o Instituto Pretos Novos e fazer um curta-metragem que leva o título do projeto (disponível no canal do youtube da escola).
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
MILENE UGLIARA, EMEF Professor Vicente Bastos, São Caetano do Sul (SP)
Projeto Sarau Matizes
O projeto juntou artistas, mestres e estudantes no quintal do Sesc do município para um encontro de expressão e poesia no território, desmistificando a ideia de que a Educação de Jovens e Adultos é uma etapa em que os alunos são meros receptores de conhecimento – e não criadores e produtores de conhecimento. Os estudantes, quase todos advindos de migração de outros estados do país, não se sentiam pertencentes ao território vivido, na cidade de São Caetano do Sul, pois ela ainda imprime suas narrativas no mito triunfalista da migração italiana. Com o projeto, a turma pôde localizar historicamente as narrativas e afirmar a presença afro e indígenas, bem como das migrações no local onde vivem.
Todos os projetos premiados serão registrados em documentários em vídeo pelo Instituto Arte na Escola – o material será divulgado posteriormente no site do prêmio, com livre acesso – especialmente para educadores que queiram se inspirar nos trabalhos premiados -, e usado pelo Instituto Arte na Escola como material em iniciativas de formação docente.
Todos os inscritos – premiados ou não – receberão um material educativo impresso e um percurso formativo online, inspirados na obra Angola Janga, do quadrinista, ilustrador e professor Marcelo D’Salete – artista homenageado da edição 2023.
Fonte: Ascom