Política

Prefeito de Campos, filho de Garotinho se divide entre o apoio ao pai e aliança com Cláudio Castro

Aliado do governador Cláudio Castro (PL), que disputa a reeleição, e com o pai, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (União), também pré-candidato ao Palácio Guanabara, o prefeito de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, Wladimir Garotinho (sem partido), colocou um pé em cada palanque e tende a adotar uma posição de neutralidade na eleição estadual. À frente da maior cidade do interior do Rio, Wladimir não abraçou por completo a candidatura de seu pai, ao contrário da irmã mais velha, a deputada federal Clarissa (União), levando a uma divisão política na família. O prefeito tem deixado claro a aliados que vai buscar a neutralidade.

Caso Wladimir opte por uma das candidaturas, isso só ocorrerá na reta final da campanha. Para o descontentamento de Garotinho, confirmam aliados, será difícil ver Wladimir de mãos dadas com o pai pedindo votos ostensivamente. A ausência do filho prefeito, que tem aumentado seu capital eleitoral no Norte e Noroeste, será contornada pela escalação de sua mãe, Rosinha. A ex-governadora teve boa avaliação quando prefeita de Campos e possui forte influência nos eleitorados feminino e evangélico.

Na última quarta-feira, houve uma prévia da campanha em Campos. Ao lançar a retomada de obras no município, Cláudio Castro, rompido com Garotinho, dividiu o palanque com Wladimir, a quem chamou de “amigo” e fez questão de mostrar que é seu aliado — de olho em verbas para Campos, o prefeito chegou a anunciar em redes sociais apoio ao governador. Mas o evento não terminou bem.

O deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), ex-secretário estadual de governo, ao discursar fez críticas à família, provocando reações de apoiadores de Garotinho que acompanhavam a cerimônia. Houve princípio de tumulto e a Polícia Militar precisou intervir. Bacellar é adversário político da família e sua participação no secretariado de Castro levou Garotinho a romper com o governador.

Esta não é a primeira vez que Wladimir e Garotinho não se acertam de pronto numa campanha eleitoral. Em 2014, o hoje prefeito de Campos tentou se lançar na política concorrendo a deputado estadual, mas não teve apoio do pai, contrário à sua candidatura. A ideia de Wladimir era substituir Clarissa na Alerj, já que a irmã concorreria à Câmara. Garotinho, que tentava retornar ao Palácio Guanabara, lançou como candidato da família à Alerj Geraldo Pudim. Wladimir não seguiu a orientação e pediu votos para Bruno Dauaire, à época adversário político do ex-governador. Ambos foram eleitos, enquanto Clarissa conquistou o segundo lugar do ranking dos mais votados da bancada federal fluminense. Garotinho amargou uma derrota para o governo do estado.

Em 2018, um novo embate. Wladimir, ao contrário da família, se filiou ao PSD e concorreu a deputado federal sem apoio total do pai. Já Clarissa buscou a reeleição se filiando, junto com Garotinho, ao PROS. Para não aumentar a divisão da família, a estratégia eleitoral foi deixar Wladimir com a campanha concentrada no Norte e Noroeste Fluminense enquanto Clarissa trabalhou seu nome na capital, Região Metropolitana e Baixada Fluminense. Os dois irmãos foram eleitos. Procurados, Garotinho e Clarissa não comentaram a divisão política na família. Já Wladimir não retornou.

Fonte: O Globo

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