Porto do Açu prevê investimentos de R$ 15 bi em transição energética, e Estado se reúne com especialistas americanos
A transição energética – com incremento das energias solar, eólica, hidrogênio, biogás e outras – vai transformar o patamar do Norte Fluminense e foi tema de dois encontros distintos na capital fluminense. No auditório da Editora Globo, onde foi realizada a Prumo Day, a holding responsável pelo desenvolvimento do Porto do Açu, anunciou a previsão de R$ 15 bilhões de investimentos em projetos voltados à transição energética em até dez anos. Já no Palácio Laranjeiras, o governador Cláudio Castro esteve com diretores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) discutindo soluções eficientes para impulsionar o potencial energético fluminense, tendo como foco, claro, o Porto do Açu.
O Prumo Day reuniu grandes players globais para discutir as oportunidades e os desafios da transição energética e do desenvolvimento da indústria de baixo carbono no Brasil.
“Estamos estruturando o Porto do Açu para transformá-lo no principal porto da transição energética no Brasil. Nossa expectativa é que, até o final desta década, os projetos de baixo carbono estejam implementados, sendo um dos poucos portos no mundo com industrialização de baixo carbono”, destacou Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística.
A Prumo e a Geo Bio Gas&Carbon, líder no desenvolvimento da cadeia de biogás no Brasil, assinaram no evento uma nova parceria para a realização de um estudo de viabilidade para potencial instalação de uma planta de geração de biogás no porto-indústria ou em regiões adjacentes. O acordo está dentro do pacote de R$ 15 bilhões de investimentos previstos em projetos voltados à transição energética divulgado nesta quarta-feira.
Pelos termos do Memorando de Entendimentos (MOU), será avaliada a instalação da fábrica e também o uso da infraestrutura logística de apoio do Açu, incluindo plantas de purificação, produção de biocombustíveis, liquefação e unidade de produção de hidrogênio de baixo carbono.
A unidade será a primeira dedicada à produção de biogás no Açu e o objetivo é que o biogás possa atender as empresas instaladas no complexo portuário. Com tecnologia proprietária da Geo Bio Gas&Carbon, a planta em estudo terá capacidade de produção de 200 mil m³/dia de biometano.
As discussões em curso para a conexão do Porto do Açu com a malha de gasodutos doméstica, através da NTS ou da TAG, constituem fator importante para a constituição da parceria já que há a possibilidade de escoamento do biogás através destas rotas futuras. Os estudos devem ser desenvolvidos por até dois anos até a decisão de investimento.
Especialistas internacionais
Enquanto isso, o Governo do Estado está desenvolvendo programas e ações para tornar o Rio de Janeiro referência na transição energética, motivo pelo qual realizou a o encontro com o MIT. Hoje, a matriz fluminense está dividida em Térmica (62,6%), Nuclear (17,8%), Hidrelétrica (11,6%), Solar (7,7%) e Eólica (0,2%). O estado também é o maior produtor nacional de gás natural (70%) e de petróleo (85%), além de se destacar no Brasil na geração de biogás (197 milhões de m3/ano) e de biometano (28,6 milhões de m3/ano).
– Tenho viajado aqui, para os Estados Unidos, e para a Europa em busca de parcerias para tratar de fontes alternativas de energia e elaboração de projetos de eficiência energética. Temos importantes matrizes em desenvolvimento, como a solar. São 97,4 mil conexões operacionais de energia solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos, com R$ 4,4 bilhões investidos. O Rio conta também com o maior investimento privado da América Latina: o Porto do Açu, que já possui projetos em hidrogênio verde, e é considerado como porta de entrada para os investimentos no país – explicou o governador.
Durante o encontro com o diretor do MIT Energy Initiative, Robert Stoner, e o diretor-executivo do Future Energy Systems Center, Randall Field, foram apresentadas metodologias que podem ser compartilhadas com o governo estadual. A meta é que alguns dos 90 programas da universidade norte-americana possam contribuir para o desenvolvimento urbano do Rio.
– Podemos aprender uns com os outros. Os projetos que foram apresentados pelo Governo do Rio nos impressionaram. Há grandes oportunidades no setor energético, o que é fundamental para o crescimento econômico. Nós, do MIT, ajudamos companhias e órgãos públicos a enfrentarem os desafios do setor, com foco em transporte e indústrias, e teremos o prazer de trocar informações com o Governo do Rio – disse Stoner.
– Tudo que discutimos na reunião com os diretores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts vai ao encontro das nossas metas e ideias. Acho que, no futuro, podemos ampliar o diálogo com o MIT, que já recebeu o Prêmio Nobel e tem um dos melhores programas de inovação do mundo energético – ressaltou o secretário de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal.
Em operação desde 2014, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina. Ao todo, o complexo já recebeu R$ 22 bilhões em investimentos. Os novos aportes em projetos de transição energética anunciados nesta quarta-feira incluem memorandos de entendimento e outros acordos já assinados para instalação de projetos eólicos offshore e plantas de hidrogênio renovável, soluções para a siderurgia de baixo carbono, produção de fertilizantes nitrogenados, geração solar fotovoltaica e de biogás. Entre os acordos já anunciados pelo Grupo, estão parcerias para desenvolver plantas de hidrogênio verde com SPIC Brasil, além de projetos de eólica offshore com EDF Renewables, TotalEnergies e Neoenergia.
*Com informações da Prumo Logística e do Governo do Estado