Economia

Por que a economia cresce mais do que era previsto para o ano e o que esperar para 2023

O que preocupa os analistas, no entanto, é que os números deste ano foram turbinados por uma conjuntura que não deve se repetir em 2023. Não por acaso as previsões de crescimento para o PIB são bem mais modestas – já estão próximas de zero.

“No fim, todas as medidas ajudaram a ampliar o consumo”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências. “Até a redução dos preços dos combustíveis ajudou a aumentar a renda disponível e também o consumo”, acrescenta.

A Tendências estima que apenas a liberação do FGTS e os estímulos criados pela PEC Kamikaze adicionaram um crescimento de 0,6 ponto percentual no PIB deste ano. Antes da divulgação do dado do segundo trimestre, a consultoria estimava um crescimento de 1,7% para 2022.

Os estímulos fiscais concedidos pelo governo se somaram ainda ao processo de reabertura da economia depois da fase mais aguda da pandemia de coronavírus. “Com a queda do uso de máscara, houve um aumento da oferta de serviços, que estava deprimida nos últimos anos”, diz Vitor Martello, economista-chefe da Parcitas Investimentos.

Os fatores internos explicam apenas parte do crescimento melhor do que o esperado. A retomada global no pós-pandemia, também mais forte do que o previsto, e a guerra entre Rússia e Ucrânia impulsionaram os preços das commodities, o que ajudou o setor externo brasileiro.

“Tem um pedaço relevante do PIB ligado aos preços das commodities. São setores que giram em torno disso e acabam sendo positivamente afetados”, afirma Werther Vervloet, economista da ACE Capital.
Para o próximo ano, as projeções para a economia brasileira estão longe de serem otimistas. Há uma grande incerteza provocada pela disputa eleitoral deste ano e, portanto, sobre qual será a política econômica do próximo governo, além de dificuldades já vislumbradas no cenário interno e externo.

“Do quarto trimestre em diante, deve começar uma desaceleração um pouco intensa na economia brasileira”, diz Vervloet. “Os vetores que ajudaram (no início do ano) começam a sair de cena no segundo semestre.”
São três pontos principais que dificultam o cenário da economia no próximo ano.

Na prática, juros altos encarecem o crédito e dificultam o investimento das empresas e o consumo das famílias.

Falta de espaço nas contas públicas. O próximo presidente também não vai ter uma grande margem de manobra para estimular a economia por meio do aumento de gastos. Embora a situação das contas do governo esteja melhor neste ano, os analistas avaliam que esse alívio é pontual diante das medidas adotadas recentemente pelo governo Bolsonaro.
De olho no orçamento: contas devem voltar ao azul, mas melhora pode ser pontual.

Nas contas públicas, do lado da despesa, a maior incerteza se dá em relação ao valor do Auxílio Brasil. A proposta do Orçamento de 2023 enviada pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional prevê um valor médio de R$ 405 – abaixo dos R$ 600 pagos atualmente. Mas tanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como Jair Bolsonaro (PL) – líderes nas pesquisas de intenção de voto – já indicaram que pretendem manter o valor.

Já do lado da receita o governo Bolsonaro promoveu uma série de corte de tributos neste ano. Na proposta do Orçamento para 2023, por exemplo, indicou que os tributos sobre combustíveis seguirão reduzidos.

O cenário projetado, portanto, é de uma combinação de aumento de despesas e queda da arrecadação.

“No ano que vem, a história é outra. A situação fiscal é bem complicada”, afirma Alessandra, da Tendências.
O desempenho das principais economias será afetado pela alta de juros. Num quadro de inflação elevada, os principais bancos centrais então tendo de endurecer a política monetária. Neste ano, o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA), por exemplo, já aumentou as suas taxas de juros quatro vezes.

“O Fed deve continuar subindo os juros, impactando de maneira mais forte a economia dos Estados Unidos”, diz Vervloet.

Fonte: G1

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