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Oruam diz que Marcinho VP é ‘exemplo de pai’ e rejeita título de ‘filho de traficante’

Filho do traficante Marcinho VP, Oruam nunca conviveu com o pai, que está na cadeia desde 1996. O contato entre eles sempre foi por meio de um vidro, sem contato físico e em visitas esporádicas com autorização. Ainda assim, o trapper, de 24 anos, não deixa de dizer que recebeu ensinamentos valiosos.

“Meu pai foi ótimo, um exemplo para mim. É meu tudo. Dizem que ele era o líder (do Comando Vermelho), mas não tem como. Ele foi preso com 20 anos de idade. Não tem como ele ser esse monstro que a sociedade cria. Meu pai tentou nos esconder da favela o tempo todo, nos tirar do morro, para que não olhássemos e quiséssemos aquela vida”, disse Oruam em entrevista a Roberto Cabrini.

As condenações de Marcinho VP por tráfico de drogas e por homicídios somam 44 anos de prisão. Um dos crimes creditados a ele é a morte do comparsa Márcio Amaro de Oliveira, curiosamente também conhecido como Marcinho VP. Amaro foi encontrado estrangulado em uma lata de lixo no presídio de Bangu 3. A execução teria sido motivada por entrevistas dadas pelo bandido revelando detalhes do funcionamento do tráfico no Rio.

“Não gosto que a mídia fica me chamando de ‘filho de traficante'”, reclamou Oruam. “Mas não é mentira…”, rebateu Cabrini. “Não é. Mas o que meu pai fez, ele já pagou. E isso faz com que me olhem diferente. Mas aprendemos a lidar com isso”, explicou o cantor.

Morando em uma casa alugada no bairro do Joá, na Zona Oeste do Rio, e avaliada em R$ 30 milhões, Oruam diz que tudo o que conquistou foi pela música. Sem interferência do pai.

“Eu não tinha nada antes. Meu pai me ensinou o caminho certo, falou que eu tinha que trabalhar, ser honesto e humilde. O fato de ser filho do Marcinho me fez superar expectativas e estatísticas. Eu poderia hoje ser bandido, ladrão, mas escolhi o caminho da música”.

O artista nega que faz apologia ao crime e criticou a criação da “Lei anti-Oruam”.

“Eu não faço a apologia ao crime. Eu canto a realidade. Não mando ninguém matar. Eu falo de arma. Mas já me associam ao meu pai. Eu entendi que este é um fardo que vou carregar pelo resto da vida.”

Oruam comenta as duas prisões recentes
Preso em fevereiro por fazer um “cavalinho de pau” com o carro em frente a uma viatura, Oruam diz que esta não era a intenção inicial. Nem foi com objetivo de lançar o álbum, embora tenha aproveitado a ocasião para divulgar as novas músicas.

“Eu só queria gravar um conteúdo, mas o carro caiu e virou na frente da viatura. Eu estava com planos para lançar o álbum futuramente, mas como nos levaram para a delegacia, aproveitei a ocasião. Mas não foi nada proposital”, diz.

A outra prisão foi por ter supostamente abrigado um amigo foragido da polícia.

“Logo que a polícia apareceu, meu amigo já se entregou. Eu não sabia que ele era foragido. Ele é meu amigo, não é traficante”.

Fonte: Extra