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O incongruente apoio a um festival literário contra o desinteresse pelo Ao Livro Verde

A leitura é uma das atividades mais enriquecedoras que um indivíduo pode realizar. Ela não apenas amplia horizontes, mas também promove o entendimento, a empatia e a preservação da cultura. Os festivais literários desempenham um papel fundamental na promoção desse hábito saudável e na celebração da cultura local, como é o caso do Festival Doces Palavras (FDP), realizado em Campos neste fim de semana.

O FDP é um exemplo brilhante de como esses eventos podem exaltar a riqueza cultural de uma região. Ao destacar autores locais, obras inspiradas em sua história e patrimônio, e proporcionar um espaço de interação entre leitores e escritores, o festival não apenas enriquece a vida cultural da comunidade, como também ajuda a preservar e disseminar o legado literário da região.

No entanto, é lamentável que, paralelamente a essas celebrações literárias, muitas livrarias estejam enfrentando sérias dificuldades, como é o caso da Ao Livro Verde, a livraria mais antiga do Brasil. A incongruência aqui é evidente, pois o poder público deveria liderar esforços para preservar e promover a leitura, e uma das formas mais tangíveis de fazer isso é apoiar livrarias locais.

O iminente fechamento da Ao Livro Verde é um alerta para a necessidade de ação imediata por parte das autoridades. É vital que o poder público esteja à frente na busca por soluções que garantam a sobrevivência desses espaços culturais valiosos. Incentivos fiscais, programas de fomento à leitura e parcerias com instituições culturais são algumas das medidas que podem ser adotadas para evitar que um tesouro cultural como a Ao Livro Verde desapareça.

Portanto, é fundamental reconhecer a importância da leitura e dos festivais literários na promoção da cultura local, ao mesmo tempo em que se cobra do poder público uma atenção adequada para as livrarias e espaços literários que são pilares dessa cultura. A literatura é um patrimônio que merece ser celebrado e protegido, e isso deve ser uma responsabilidade compartilhada por todos nós. A “regra” é clara: eventos com o FDP, com shows ao ar livre, trazem ganhos políticos; já salvar, ou ao menos buscar uma solução para uma livraria, não.