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Nasa: há óvnis sem ‘causa humana ou natural’, e são necessárias novas técnicas científicas para explicá-los

A Nasa disse nesta quinta-feira que o estudo de fenômenos anômalos não identificados (UAPs na sigla em inglês, mais conhecidos como óvnis) vai requerer novas técnicas científicas, incluindo satélites avançados, assim como uma mudança de percepção sobre os objetos voadores não identificados.

Em um relatório de 33 páginas, uma equipe independente comissionada pela Nasa há um ano, afirmou que a percepção negativa sobre o fenômeno representa um obstáculo para a coleta de dados. Mas, segundo autoridades, o envolvimento da Nasa na questão poderia ajudar a reduzir o estigma sobre a questão.

— Queremos mudar a discussão sobre UAPs do sensacionalismo para a ciência — disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, durante uma coleta na sede da agência espacial em Washington, prometendo uma abordagem aberta e transparente.

Os cientistas dizem que a maioria das visões de UPAs foram explicadas, mas que há algumas cuja origem não é “feita por humanos ou por fenômeno natural”. Assim, apesar de não haver evidências que comprovem origem extraterrestre de UPAs, não é possível descartar a possibilidade.

— Não encontraram evidências de que UAPs têm origem extraterrestre, mas não sabemos o que esses UAPs são — afirmou Nelson, reconhecendo que, com bilhões de estrelas em bilhões de galáxias, é possível que haja alguma outra Terra.

Nelson afirmou ainda que o objetivo da agência ao “olhar com seriedade” pela primeira vez para os UAPs é mudar o debate sobre o tema “do sensacionalismo para a ciência” e desenvolver metodologias de pesquisa e coleta de informações para contribuir com os esforços intergovernamentais sobre o tema— que é um dos grandes mistérios da ciência e desperta a curiosidade humana há centenas de anos.

— Se você me perguntar se eu acredito que há vida [em outro planeta], minha resposta é sim — disse Nelson, revelando sua opinião pessoal, e completou — este é um grande passo, mas certamente não último — declarou.

De acordo com a agência espacial, existem óvnis sem “causa humana ou natural”, e a missão dos pesquisadores é encontrar novas técnicas científicas para explicá-los. O relatório publicado nesta quinta recomenda que a Nasa tenha papel de liderança nos esforços do governo americano para entender esses fenômenos. De acordo com o documento, a NASA tem uma grande “experiência” neste campo e poderia usá-la como parte de uma “rigorosa campanha de captação de dados”, incluindo a participação da sociedade, com vídeos de celular, por exemplo.

“Observações de objetos em nossos céus que não podem ser identificados como balões, aeronaves ou fenômenos naturais foram avistados em todo o mundo, no entanto há limitadas observações de alta qualidade”, define o relatório e completa “a ausência de observações consistentes, detalhadas e acompanhadas significa que atualmente não temos o corpo de dados necessário para tirar conclusões científicas definitivas sobre os UAPs”.

A agência também anunciou a indicação de um um diretor de pesquisa sobre os UAPs, sem indicar o nome do cientista que ocupará o cargo.

Imaginário coletivo
Quebrando uma tradição de silêncio sobre o assunto, o governo americano tem divulgado informações, nos últimos anos, sobre os objetos voadores não identificados. As autoridades dos EUA optaram por mudar a nomenclatura de referência a esses fenômenos para combater o estigma em torno do tema — que dá margem a inúmeras teorias da conspiração.

Em 2020, o Departamento de Defesa divulgou uma série de vídeos de 2004 e 2015 com encontros de pilotos militares com óvnis. Desde então, o tema vem povoando ainda mais o imaginário coletivo.

Em julho, os olhos dos curiosos de voltaram para uma audiência no Congresso americano. Integrantes do subcomitê de Segurança Interna, Fronteiras e Relações Exteriores do Comitê de Supervisão da Câmara ouviram relatos de três testemunhas (“corajosas”, eles as chamaram) sobre experiências com objetos não identificados: David Grusch, ex-oficial de inteligência da Força Aérea que afirma que o Pentágono tem a posse de restos de espaçonaves alienígenas; David Fravor, comandante da Marinha aposentado; e Ryan Graves, um ex-piloto da Marinha. Na ocasião, o congressista republicano Tim Burchett disse que a intenção era “levantar a tampa da panela”, em referência a informações sigilosas mantidas pelo Pentágono.

Nesta quinta, Bill Nelson garantiu que a Nasa tem um compromisso com a transparência no compartilhamento de informações sobre os UAPs.

— Nós somos o governo americano e somos abertos. O que descobrirmos, vamos dizer.

Fonte: O Globo