Menopausa: como as empresas estão lidando com essa fase da vida das funcionárias
O local de trabalho evoluiu muito desde os anos 1950 no que se refere a receber bem as funcionárias. A menopausa, entretanto, ainda permanece como um dos últimos tabus.
Ativistas como a apresentadora de TV britânica Davina McCall tentam romper o véu do silêncio. Alguns empregadores estão dando ouvidos. Mais de 2,7 mil empresas no Reino Unido assinaram um documento, idealizado pela organização beneficente Wellbeing of Women, no qual se comprometem a lidar melhor com a questão da menopausa no local de trabalho.
A conscientização cada vez maior sobre assuntos relacionados à menopausa é impulsionada pelas mudanças demográficas. A idade média em que as mulheres nos Estados Unidos passam pela menopausa gira por volta dos 51 anos. Em 1990, havia cerca de 467 milhões de mulheres no mundo acima dos 50 anos, de acordo com um estudo de 2016 da revista científica médica “Maturitas”. Em 2030, o número chegará a 1,2 bilhão, segundo estimativas.
Um estudo britânico de 2022 realizado pela organização de defesa dos direitos das mulheres Fawcett Society constatou que 10% das mulheres que trabalharam durante a menopausa deixaram o emprego em razão dos sintomas, que variam. Algumas mulheres sentem poucos efeitos adversos. Outras sofrem de depressão, confusão mental e ondas de calor.
O custo anual nos EUA em perdas de produtividade associadas a ausências relacionadas à menopausa pode chegar a cerca de US$ 1,8 bilhão, de acordo com um estudo publicado este ano pela Mayo Clinic, um sistema hospitalar sem fins lucrativos.
Dessa forma, a proporção cada vez maior de mulheres mais velhas no mercado de trabalho também representa uma oportunidade para os laboratórios farmacêuticos. A prescrição de receitas para tratamentos de reposição hormonal está aumentando. A empresa alemã Bayer prevê que o Elinzanetant, um tratamento não hormonal em fase avançada de desenvolvimento clínico, poderia gerar vendas anuais superiores a 1 bilhão de euros se aprovado.
O mercado de suplementos alimentares e remédios de venda livre para a menopausa deverá atingir receitas de US$ 24,4 bilhões em 2030, em comparação aos US$ 15,4 bilhões em 2021, de acordo com cálculos da firma de consultoria Grand View Research.
Sindicatos e ativistas querem que os locais de trabalho ofereçam adaptações. As políticas nos locais de trabalho variam. Surgiram aplicativos gratuitos de gerenciamento da menopausa. Em 2022, em uma medida mais significativa, a Tesco deixou de considerar as licenças por sintomas de menopausa na contagem de dias de ausência por questões médicas aos que os funcionários têm direito.
Adaptações das empresas para lidar com os sintomas da menopausa podem beneficiar a força de trabalho como um todo, segundo Rhianydd Williams, uma representante da TUC, entidade sindical do Reino Unido. Melhor ventilação nos locais de trabalho ou tecidos respiráveis em uniformes são exemplos de possíveis adaptações.
Empregadores podem passar a ser mais valorizados pelas funcionárias simplesmente ao reconhecer que a menopausa é um problema para algumas mulheres e remover o estigma, mostrando empatia ao lidar com isso. Se menos funcionárias experientes saírem, é possível economizar dinheiro na contratação e treinamento de substitutas.
Sempre há o perigo do os empregadores se limitarem apenas a gestos simbólicos. No entanto, o apoio, feito da forma correta, pode garantir que mulheres mais velhas permaneçam economicamente produtivas por mais tempo.
Fonte: Valor