Política

Mauro Cid e pai contrariam estratégia de Bolsonaro e decidem falar à PF sobre caso das joias

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid decidiu responder aos questionamentos da Polícia Federal sobre o desvio de joias e relógios do acervo público, alvo de uma convocação coletiva nesta quinta-feira (31). A estratégia diverge da adotada pelo ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que recorreram ao direito de ficar em silêncio.

Esta é a terceira vez que Cid depõe à PF em menos de uma semana. Na sexta e segunda-feira passada, ele ficou por mais de 16 horas diante dos investigadores. Nesta quinta, ele chegou à sede da corporação por volta das 9h15 — duas horas antes do horário previsto, às 11h. Até fim o fim da tarde desta quinta, o depoimento ainda não havia acabado.

Outro alvo que também está falando à PF é o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens. Em uma conversa interceptada pela PF, Cid disse que o pai estava com uma quantia de US$ 25 mil em espécie que seria entregue a Bolsonaro. O general também tirou fotos de estátuas dadas ao ex-presidente que foram colocadas em leilão nos Estados Unidos.

Após ficar em silêncio nas primeiras vezes em que foi chamado a depor, Cid mudou de estratégia depois que seu pai foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela PF. Logo após a operação, ele trocou de advogado pela terceira vez e contratou o criminalista Cezar Bitencourt.

— Estamos muito cansados, estamos verificando um monte de material. Tem documentos que a gente tem que analisar, a gente leva horas, papéis, a gente fica movimentando coisas — afirmou o advogado, na última terça-feira, justificando a razão de as oitivas terem levado tanto tempo.

Os dois depoimentos prestados anteriormente estavam relacionados ao inquérito que apura a suposta contratação do hacker Walter Delgatti Netto para invadir as urnas eletrônicas e tentar encontrar vulnerabilidades no sistema eleitoral. A oitiva de hoje se refere à investigação sobre relógios e joias dados por autoridades estrangeiras, que teriam sido ocultados do gabinete de documentação histórica do Planalto e vendidos no exterior.

Bolsonaro e Michelle: silêncio

Bolsonaro e Michelle adotaram uma linha de defesa distinta da do ex-ajudante de ordens. Em ofício remetido ao Supremo Tribunal Federal, a defesa do casal afirmou que eles só “prestarão depoimento” ou “fornecerão declarações adicionais” quando o caso das joias sair das mãos do ministros do STF Alexandre de Moraes e for remetido à primeira instância. Na visão dos advogados, Moraes não é o “juiz natural competente” do processo.

Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, Cezar Bitencourt disse anteriormente ao GLOBO que Cid pretendia assumir à PF as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido por Bolsonaro em viagem oficial. O advogado também afirmou que a carreira do militar foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” e que ele “sempre cumpriu ordens”.

Fonte: Extra