Justiça arquiva investigação sobre Lima Duarte por acidente com motociclista
A Justiça arquivou na sexta-feira (23) o inquérito policial do 23º DP de São Paulo por lesão corporal culposa na direção de veículo entre o ator Lima Duarte e a motociclista Simone Regina devido a um acidente em março de 2023, na Zona Oeste de São Paulo.
A defesa de Simone também o acusou de estelionato, fraude processual, falsidade ideológica e associação criminosa, mas os crimes foram descartados pela polícia.
O caso foi finalizado pela Polícia Civil e encaminhado para a análise do Ministério Público e da juíza em 6 de fevereiro deste ano. O ator, uma neta dele, a vítima e outras seis pessoas prestaram esclarecimentos.
O artista, em depoimento, afirmou que dirigia a cerca de 40 km/h quando a motociclista bateu no seu carro. A CNH dele estava no prazo de 30 dias para renovação. Lima Duarte disse ainda que ficou no local até o resgate e não estava sob efeito de remédios ou de álcool.
Segundo o registro, ele mandou a neta e uma amiga para uma visita à motociclista no hospital “sem querer constrangê-la ou coagir” e levar R$ 1 mil para “necessidade imediata”. Após a alta da paciente, ainda conforme o relato dele, ela teria pedido uma cama hospitalar e cadeira de rodas, que depois foi substituída por uma motorizada “num gesto de solidariedade pelo que ela estava passando”.
Por meio de uma consultora da família, também na época, foi combinado o pagamento do equipamento por seis meses e R$ 30 mil, assim como um “documento de transação”, um tipo de “contrato de sigilo” que foi assinado pelas partes.
A polícia também ouviu um homem que disse que estava em um ponto de ônibus na região e viu o acidente. Ele reforçou a versão do motorista e negou que a vítima tivesse parado “200 metros à frente”.
O Ministério Público analisou o inquérito e entendeu que se tratava de caso para arquivamento. A defesa de Lima Duarte foi procurada, mas não encaminhou resposta até a última atualização desta reportagem.
Em nota, o advogado Ângelo Carbone, responsável pela defesa de Simone disse entender que “o arquivamento peca em sua essência. Existe muito a ser apurado, não existe perícia local, existem inúmeras câmeras que podem trazer a realidade dos fatos, não foi feito exame no idoso de dosagem alcoólica, nem perícia para estabelecer se ele tem condições de dirigir, nenhuma testemunha da vítima foi ouvida”.
“E o pior: os policiais militares desligaram suas câmeras para impedir que se descubra a realidade e os mesmos respondem a inquérito administrativo os embargos de declaração busca infringência para que se restabeleça o inquérito e no mérito que continue o inquérito para apurar novas provas, porque ocorreu um crime. A jovem poderia ter morrido”, afirmou.
“É necessário que Ariclenes [nome real de Lima Duarte] responda pelo que fez. Além disso, o inquérito nada tem a ver com o processo indenizatório que aguarda julgamento e não se baseia no inquérito e sim na responsabilidade indenizatória do réu – por sinal ele já se declarou culpado quando obrigou a vítima a receber 30 mil agora aguardasse a sentença.”
Ação de R$ 1,2 milhão
Simone pede ao ator, em uma ação por danos morais e materiais, R$ 1,2 milhão por conta do acidente. Anteriormente, a defesa de Lima Duarte disse que ele era alvo de “calúnias e difamações”.
Ela recebeu R$ 30 mil quando ainda estava no hospital e já havia assinado um acordo com o ator.
No processo que corre pela 28ª Vara Cível de São Paulo, o advogado da motociclista detalhou que o acidente ocorreu em 1º de março deste ano, na Avenida Antártica, região da Barra Funda, quando o carro de Lima Duarte teria passado de uma faixa para outra e não teria dado sinal, e o retrovisor direito se prendeu ao guidão da moto, segundo o texto.
A mulher quebrou cinco ossos, colocou duas placas e nove parafusos. A defesa alega que ela permaneceu no hospital por 16 dias e deverá ficar cerca de um ano sem andar.
A motociclista pede na Justiça:
Indenização por danos morais;
Tratamento em hospital particular;
Pagamento mensal de R$ 5 mil com comprovação dos gastos;
Auxiliar de enfermagem para cuidados diários;
Transporte para tratamentos;
Fisioterapia.
No documento assinado entre as partes, o ator confirmava que tinha se envolvido em um acidente de trânsito do qual não teve responsabilidade, mas havia prestado socorro e acompanhava o estado de saúde da vítima.
O ‘acordo’
O documento, cita que o motorista e a motociclista “não atribuem qualquer culpa pelo acidente” e que os dois reconhecem que foi uma “fatalidade decorrente do próprio trânsito intenso da capital”.
No terceiro parágrafo, escrito pela equipe do artista, há a afirmação de que a paciente realmente sofreu ferimentos e passou por uma “bem-sucedida cirurgia no quadril” na Santa Casa de São Paulo, e teve alta médica em 16 de março do ano passado.
“Gesto de solidariedade inclui pagamento a Simone de aluguel de uma cadeira de rodas e de uma cama hospitalar pelo prazo de até 6 meses, no valor de R$ 465 mensais, além de uma ajuda de custo para minimizar a perda de receita de Simone, no valor de R$ 30 mil”.
O texto ainda detalha que havia o comprometimento do sigilo.
Fonte: g1