Governo diz que é cedo atribuir alta à nova variante da Covid; Campos teve aumento de quase 100% de casos
O Ministério da Saúde informou n não ser possível atribuir a alta de casos de covid-19 no país à nova variante EG.5, conhecida como Eris. De acordo com o ministério, houve elevação de 6% no número de casos confirmados de covid-19, na comparação entre as semanas epidemiológicas 31 (30 de julho a 5 de agosto) e 32 (6 de agosto a 12 de agosto). Em Campos, o número de testes positivos aumentou 94,96% de julho para agosto, incluindo duas mortes, uma delas de um jovem de 28 anos.
Mas a alta, segundo o Ministério da Saúde, está dentro do esperado para o período.
“Conforme dados enviados pelas Secretarias Estaduais de Saúde, entre as semanas epidemiológicas (SE) 31 e 32 de 2023, foi observado um aumento de 6% no número de casos de covid-19 notificados, taxa dentro do esperado para essa época do ano, quando aumentam os casos de infecções respiratórias. Ainda é prematuro afirmar que o aumento é causado pela nova variante EG.5”, disse a pasta, em nota.
Até o momento, foram notificados quatro casos da nova variante EG.5 no Brasil: dois em São Paulo, um no Distrito Federal e um no Rio de Janeiro.
Aumento em Campos
De acordo com o Boletim Coronavírus mensal da prefeitura de Campos, foram registrados 271 novos casos da doença na cidade no período de 01 a 31 de agosto, contra 139 casos em julho. Em agosto, duas pessoas morreram em decorrência da doença, sendo uma de 28 anos e outra de 84 anos. Em julho, nenhum óbito foi confirmado.
A tendência de alta já vinha se estabelecendo em Campos. Em junho, por exemplo, foram apenas 60 casos de covid-19 na cidade. Desde o início da pandemia, em 2020, Campos teve 64.486 testes positivos, sendo 1.893 mortes.
Vacinação
Em Campos, a vacinação ocorre em 14 pais de saúde do município, mas não durante o feriadão. As datas, horários e locais devem ser conferidos semanalmente no site da prefeitura de Campos.
Já o Ministério da Saúde reforçou que a vacinação continua sendo a principal medida para prevenir casos graves da doença. “Mantém-se a recomendação para que os grupos de maior risco de agravamento pela doença continuem a seguir as medidas de prevenção e controle, como o uso de máscaras em locais fechados, mal ventilados ou com aglomerações, além do isolamento de pacientes infectados com o vírus”.
A pasta ainda destacou que toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) está disponibilizando, gratuitamente, o antiviral nirmatrelvir/ritonavir para ser utilizado no tratamento da infecção pelo vírus logo que os sintomas aparecerem e houver confirmação de teste positivo em pessoas dos grupos de risco.
Aumento de casos no país
Duas entidades que utilizam dados da rede particular de saúde complementar registraram aumentos expressivos de resultados positivos nos exames de detecção de covid-19 nas últimas semanas.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a positividade dos testes de covid-19 passou de 6,3%, na semana de 27 de julho a 4 de agosto, para 13,8%, na semana de 12 a 18 de agosto. A entidade utiliza dados de empresas privadas que representam 65% do volume de exames realizados pela saúde suplementar no país.
Segundo o Instituto Todos Pela Saúde, que usa dados dos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin, a taxa de resultados positivos para SARS-CoV-2 (covid-19) dobrou em um mês, passando de 7% para 15,3% entre as semanas encerradas em 22 de julho e 19 de agosto. Os percentuais mais elevados foram observados nas faixas etárias de 49 a 59 anos (21,4%) e acima de 80 anos (20,9%).
Para o virologista e pesquisador do Instituto Todos Pela Saúde, Anderson Fernandes de Brito, a alta dos resultados positivos pode estar ligada a chegada da nova variante no Brasil.
“Quando a gente olha, por exemplo, para dados de países que estão ainda mantendo volumes maiores de sequenciamento [genômico das variantes] como os Estados Unidos, por exemplo, a gente observa que a variante EG.5 tem aumentado de frequência de semana após semana”, destaca Brito.
“Existe um certo atraso entre coletar uma amostra e isso se tornar um genoma [no Brasil]. E esse atraso, às vezes, ele pode levar semanas, duas, três, quatro semanas. Isso é um padrão muito comum. Então vai levar um tempo para que a gente observar que essa variante está aumentando em frequência [também no Brasil]”, acrescentou.
O virologista destacou que a vacinação contra a covid-19 é a melhor maneira de se proteger da doença.
*Com informações da Agência Brasil e da Folha da Manhã