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Google começa a testar respostas com IA generativa no Brasil; veja o que muda

O Google lançou nesta semana, no Brasil, uma ferramenta que integra respostas criadas por uma inteligência artificial generativa aos resultados de buscas. Chamado de SGE (sigla, em inglês, para Experiência Generativa de Pesquisa), o sistema vai responder as pesquisas feitas no Google com um texto gerado por modelos de IA que usam informações públicas da internet.

Na prática, ao realizar uma pesquisa, o usuário terá como resposta um texto pronto, ao invés da indicação de links relacionados ao tema. Logo abaixo do resultado gerado pela IA, estarão disponíveis as fontes de informações que corroboram o resultado. Será possível também clicar em trechos da descrição para saber de onde a inteligência artificial tirou aquela informação.

O SGE começa a operar a partir de hoje para usuários de 120 países, incluindo os brasileiros, como um experimento. Para ativá-lo, é preciso acessar um ambiente teste do Google chamado de Search Labs. No primeiro momento, a ferramenta só estará disponível em desktop apenas pelo navegador do Google, o Chrome. Nas próximos semanas, o sistema poderá ser habilitado também no celular, pelo app do buscador (em Android e iOS).

Os testes da busca com IA generativa chegam ao país alguns meses depois de serem lançados nos EUA, Índia e Japão. Em conversa com jornalistas, para apresentar o sistema, Bruno Pôssas, vice-presidente de Engenharia para a Busca do Google, disse que a integração da IA generativa para todos os usuários de buscas do Google deve acontecer gradualmente.

— Estamos lançando o SGE como um experimento. À medida que incorporarmos os feedbacks dos usuários e aprendermos com esse processo, vamos graduar algumas funcionalidades do SGE para dentro da busca, aos poucos — afirmou o executivo. —Mas é um processo que pode demorar.

O sistema é similar ao lançado no início deste ano pela Microsoft, com o Bing, que traz respostas geradas pelo ChatGPT, da OpenAI. Nesse caso, a IA está integrada ao buscador para todos os usuários.

Como funciona (e como acessar) a busca com IA
O SGE é diferente do Bard, chatbot de IA conversacional lançado pelo Google este ano e que continuará a ser acessado em um link em separado. Ao ativar o SGE, o usuário receberá uma resposta gerada por IA em suas pesquisas feitas na busca (para usar o sistema, é preciso acessar o link do Search Labs e ativar o sistema).

Quem ativar o experimento, vai receber a resposta a uma busca com um texto. Mais embaixo, estarão três links que corroboram aquelas informações. Em parte do texto, também será possível clicar e ver de onde aquela informação foi retirada.

O Google também vai sugerir próximas perguntas a serem feitas dentro daquele tema. Ao explorá-las, o usuário vai poder entrar em outra aba e interagir com a IA, fazendo perguntas.

Neste momento, o gerador de IA não irá criar imagens, algo com o qual o Google também tem trabalhado.

De onde vem a informação gerada
Segundo o Google, a base do SGE são informações da internet, com base na relevância e credibilidade. O sistema foi ajustado a partir do trabalho de treinadores manuais, que avaliaram as respostas geradas.

Como é um experimento, os usuários vão poder dar feedbacks para o conteúdo criado pelo SGE. Logo abaixo do texto, dois símbolos vão aparecer: um símbolo de “joinha” para cima e outro, para baixo. Segundo a empresa, o sistema conta com os mesmos filtros de segurança da Busca convencional – o que não garante completamente que ele não irá entregar ao usuário resultados equivocados ou conteúdo prejudicial.

—Ainda é um experimento. Não necessariamente todas as proteções que colocamos vão ser suficientes para evitar que exemplos ruins aconteçam. A gente aprende com os feedbacks dos usuários. Eles podem clicar na mão com o “joinha” para baixo e explicar porque a experiência não foi boa – alerta Bruno Pôssas, VP de engenharia para o Google.

Da mesma maneira como acontece com os resultados convencionais do Google, os anunciantes também terão espaço no SGE. Os resultados pagos vão ficar separados, com a sinalização de que são publicidade.

Como o Google escolhe o que mostrar
Segundo o executivo, a curadoria dos links usados para gerar o conteúdo da IA foi feita de forma automatizada, e parte do treinamento dela foi realizada por humanos. Podem aparecer como referências as respostas da IA, de notícias a conteúdos de redes sociais.

De acordo com o vice-presidente, os critérios para quais links vão ficar evidência vão seguir os mesmos critérios da Busca convencional, o que inclui relevância e qualidade.

Ao ser questionado sobre a remuneração para os criadores de conteúdo que irão alimentar a IA, Pôssas disse que a empresa vem tendo tratativas com o mercado para criar um protocolo específico para o SGE. Segundo ele, depois que o protocolo for lançado, os provedores de conteúdo vão poder escolher se seu material poderá ou não ser usado para alimentar as respostas da IA.

— Esse protocolo ainda está sendo desenvolvido, ainda não está disponível. Por enquanto, toda e qualquer informação usada é pública na web. É a mesma informação que os serviços de busca usam.

Fonte: O Globo