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Esquemas de corrupção no INSS e lavagem de rinheiro em Campos movimentam mais de R$ 6 bilhões

Dois dos maiores escândalos recentes de corrupção no Brasil envolvem cifras bilionárias e atingem diretamente órgãos públicos e empresários. De um lado, o esquema de fraudes no INSS, que teria causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos entre 2019 e 2024, e, de outro, a operação contra lavagem de dinheiro em Campos dos Goytacazes, que resultou no bloqueio de cerca de R$ 220 milhões em bens e valores ligados a um empresário do setor de saúde. O caso do INSS, segundo investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, teve início no governo Bolsonaro, quando as fraudes começaram a se intensificar. Documentos obtidos pelo Jornal Nacional revelam que um servidor do INSS denunciou os descontos ilegais em 2020, durante o governo Bolsonaro, mas foi ignorado e chegou a ser ameaçado de morte.

No caso do INSS, as investigações apontam que associações e sindicatos passaram a descontar mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização, utilizando assinaturas falsas e convênios firmados com o órgão. Dirigentes e servidores do INSS recebiam vantagens indevidas para facilitar a inserção desses descontos nos contracheques dos beneficiários. O esquema envolvia entidades de fachada e uso de laranjas para movimentar os recursos desviados. A Polícia Federal já prendeu suspeitos ligados a essas associações e afastou servidores da cúpula do INSS, incluindo o então presidente do órgão.

Embora parte da fraude tenha se intensificado nos últimos anos, as investigações confirmam que sua origem remonta ao início do governo Bolsonaro, em 2019, quando os primeiros sinais de irregularidades surgiram. O debate político se acirrou, com aliados do ex-presidente defendendo a investigação de todas as gestões e o atual governo destacando ter sido responsável por desbaratar o esquema.

Paralelamente, a operação Caballus, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, revelou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e fraude em licitações de saúde em Campos dos Goytacazes e cidades vizinhas. O principal alvo é o empresário Wagner Crespo Luiz, acusado de liderar um grupo que utilizava empresas fantasmas para vencer licitações e desviar recursos públicos destinados à compra de medicamentos e materiais hospitalares.

O dinheiro era movimentado por contas de laranjas e parte dos valores era usada para manter um haras de cavalos de raça, além de financiar a compra de carros de luxo. A operação resultou na apreensão de 45 cavalos avaliados em cerca de R$ 6 milhões, 12 veículos de alto padrão, entre eles um Porsche e uma BMW, além do bloqueio de aproximadamente R$ 220 milhões em contas bancárias. A defesa do empresário nega as acusações e afirma que sua inocência será comprovada, mas o inquérito segue sob segredo de justiça e novas fases da investigação estão previstas para identificar outros envolvidos e apurar o real prejuízo causado ao erário.

Os dois casos evidenciam a complexidade e o alcance das redes de corrupção no país, envolvendo tanto o desvio de recursos de aposentadorias e pensões quanto a manipulação de contratos públicos na área da saúde. As autoridades seguem apurando os fatos, com o objetivo de responsabilizar os envolvidos e recuperar os valores desviados.