Política

Cid decide confessar e apontará Bolsonaro como mandante no caso das joias, diz revista

O advogado do ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que o militar entregou a Jair Bolsonaro o dinheiro em espécie referente à venda de um relógio Rolex recebido como presente oficial e negociado a mando do próprio ex-presidente. É a primeira vez que Bolsonaro é citado diretamente no suposto esquema de negociação de joias investigado pela Polícia Federal. A informação foi divulgada na edição da Revista Veja desta semana, e no início da noite desta quinta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

— Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele — contou Bitencourt. — Os 35 mil (dólares) que entraram na conta do pai dele (o general Mauro Cesar Lourena Cid) eram parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente.

O advogado Cezar Bittencourt, que assumiu a defesa do tenente-coronel nesta semana, disse que o militar pretende prestar um novo depoimento à PF assumindo o crime. Ele dirá que seguiu as determinações do ex-chefe.

A investigação da Polícia Federal indica ainda que Lourena Cid tinha consigo US$ 25 mil em espécie que seriam de Bolsonaro. Em mensagens, o ex-ajudante de ordens, filho do general, discute com outro auxiliar do ex-presidente como seria a melhor forma de entregar o dinheiro a Bolsonaro. Para Cid, o ideal seria evitar utilizar contas bancárias.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em ‘cash’ (dinheiro vivo) aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente. Entregaria em mãos. Quanto menos movimentação em conta, melhor né? “, disse Cid na mensagem, de 18 de janeiro deste ano, data em que Bolsonaro estava nos Estados Unidos.

Ao assumir os inquéritos da Polícia Federal em que o ex-ajudante de ordens é investigado, ele afirmou que a carreira do militar é marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército Brasileiro e que o oficial “sempre cumpriu ordens” do ex-presidente:

— Passei três horas com ele (Cid) ontem à tarde. Ele era um assessor, e o ex-presidente era o superior dele. Ele vai prestar depoimento dizendo aquilo que é a verdade, o que realmente aconteceu. Se compromete ou se não compromete o ex-presidente, é indiferente. Cada um com suas responsabilidades. O compromisso dele é com a verdade.

Fontes: Veja e O Globo