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Campos recebe exposição para lembrar 40 anos do acidente de Enchova


Para dar continuidade à memória da passagem dos 40 anos do acidente na plataforma de Enchova,ocorrida no dia 16 de agosto de 1984, um dos com maior número de vítimas na indústria do petróleo brasileira, o Sindipetro-NF irá promover a exposição “Enchova : Marcas da tragédia – 40 anos depois”, na sede de Campos, que contará a história do acidente, apresentará depoimentos de trabalhadores que vivenciaram o momento, apresentará a importância da unidade no cenário da década de 80, além de fazer uma homenagem às vítimas.

A exposição será inaugurada no dia 2 de outubro, às 9h e ficará aberta aos interessados até o dia 31 de outubro, das 08h30 às 17h30; após esse horário, das 17h30 às 19h, a visita será permitida apenas com agendamento prévio. Qualquer pessoa poderá visitar a exposição. Depois a mostra seguirá para a sede do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes.

Em Macaé, a exposição ficou um mês na sede do sindicato na cidade e chamou atenção de professores do IFF e cursos de treinamento da região que levaram muitos alunos para visita.


“Essa exposição é excelente para mostrar para os alunos como é a realidade do trabalho nas plataformas, já que a grande maioria nunca embarcou” – comentou o instrutor Antonio Carlos Brito, de uma empresa de treinamento de Macaé. Ele contou que, na época do acidente, fazia um curso no Rio e seu irmão trabalhava na plataforma. Quando soube ligou imediatamente para casa, para ter notícias do irmão, mas felizmente sua mãe disse que ele estava de folga em terra. Ao retornar para sua casa em Campos, Brito teve a notícia que o amigo Paulo Roberto Lima havia morrido no acidente.

São muitas as histórias de vida dos visitantes que acabam se cruzando com a história do acidente. Relatos tristes ou de esperança, mas que de certa forma deixaram marcas na categoria e na sociedade do entorno da Petrobrás em Macaé e em Campos.

A mostra apresenta imagens de jornais e revistas da época, depoimentos de sobreviventes e destaca a importância da plataforma na década de 1980, além de prestar uma homenagem às vítimas.

O acidente de Enchova permanece como uma trágica lembrança da necessidade urgente de aprimorar as normas de segurança na exploração de petróleo. Apesar das mudanças significativas nos protocolos de segurança ao longo dos anos, o Sindipetro-NF enfatiza que a luta pela proteção dos trabalhadores ainda não terminou. A categoria enfrenta novos desafios, como assédio, problemas de saúde mental, sobrecarga de trabalho e um aumento nas demissões de trabalhadores terceirizados.

O acidente

“Eram 3h30 da madrugada de quinta-feira, 16 de agosto quando um vazamento de gás, seguido de forte explosão e incêndio, fez estremecer as 22.600 toneladas da estrutura de aço da plataforma central de Enchova. Naquela madrugada fatídica se tornou um verdadeiro pesadelo para os 254 homens que trabalhavam em suas instalações”
Revista Manchete, edição 1689 de 1 de setembro de 1984 .

O acidente de Enchova, ocorrido em 16 de agosto de 1984, é um marco trágico na história da exploração petrolífera no Brasil. O incêndio foi causado por uma explosão que ocorreu durante uma operação de manutenção. A explosão inicial foi seguida por uma série de outras explosões, agravando ainda mais a situação e dificultando as tentativas de controle do fogo.

As chamas intensas e a fumaça densa tornaram o resgate dos trabalhadores extremamente difícil. Muitos deles se viram obrigados a pular no mar para escapar do incêndio, enfrentando grandes riscos de afogamento e queimaduras. Segundo relatos de trabalhadores que estavam a bordo da plataforma, os pessoal da segurança informou que o fogo estava descontrolado e as pessoas foram para o ponto de encontro e de lá para as baleeiras. Enchova tinha cinco baleeiras com capacidade para 51 pessoas em cada. Todos estavam muito assustados, a grande maioria era jovem na faixa dos 20 anos e nunca tinham vivido uma situação parecida.

As pessoas aguardavam o momento de descer em ordem, mas após algum tempo foram orientadas a voltar ao ponto de encontro. Foi ali que souberam que os cabos de uma baleeira na hora da descida ficou engatado, o que fez com que ela quebrasse e trabalhadores despencassem no mar a uma altura de 18 metros. “Na hora em que a baleeira deveria ser solta, de uma só vez nas duas pontas, ela só se desprendeu de um lado. Com o peso, mergulhou de bico no mar, calculo que a uns 6 m de profundidade. Consegui sair do meio das ferragens, mas vi muita gente morta lá dentro,” disse Pedro Paulo de Souza que estava na baleeira que desceu irregularmente.

Este acidente resultou na morte de 37 trabalhadores por conta da queda da baleeira. Além dos mortos, a tragédia deixou 19 feridos.

Serviço
Enchova : Marcas da tragédia – 40 anos depois
De 2 a 31 de outubro
Horário: 08h30 às 17h30 ( após esse horário, das 17h30 às 19h, a visita será permitida apenas com agendamento prévio).
Local: Sindipetro-NF ( Av. 28 de março, 485 – Centro)

Fonte: Ascom