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Campista ligado a atos antidemocráticos nega envolvimento apesar de foto que ele mesmo divulgou

PF faz buscas e apreende arma na casa do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), suspeito de orientar golpistas em janeiro de 2023
Pouco depois das 7h, a polícia entrou no gabinete do deputado Carlos Jordy, do PL-RJ, líder da oposição na Câmara. Os agentes apreenderam documentos e equipamentos. Nos pedidos de busca e apreensão, a Polícia Federal afirmou que há indícios de fortes ligações do deputado Carlos Jordy com um outro político do Rio de Janeiro: Carlos Victor de Carvalho. Segundo os investigadores, a relação entre os dois vai muito além do vínculo político. Os indícios mostram, ainda, que Jordy tinha o poder de ordenar ações antidemocráticas e agitar a militância.

O próprio CVC divulgou imagens dele participando dos atos golpistas de 8 de janeiro nas redes sociais. CVC foi solto no mês seguinte.

Segundo a PF, CVC é responsável por administrar mais de 15 grupos de WhatsApp cujas temáticas são de extrema direita, tal como há diversos elementos de prova, conforme demonstrado nas informações de polícia judiciária, que ele organizou diversos eventos antidemocráticos na cidade de Campos.

“Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.”
“Fala, irmão, beleza? Está podendo falar aí?”
“Posso, irmão. Quando quiser, pode me ligar.”
Segundo a Polícia Federal, em tal data ocorriam os bloqueios de rodovia em todo Brasil, inclusive em Campos, e tal diálogo em que CVC chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto “parar tudo”, levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos que ocorreram.

A polícia afirmou ainda que, no dia 17 de janeiro de 2023, quando CVC encontrava-se foragido, Jordy fez contato telefônico com ele, sendo que, como parlamentar representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido, seu dever como agente público seria comunicar imediatamente à autoridade policial.

O ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, destacou indícios de que o parlamentar seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por CVC, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos.

“Nunca incentivei, nunca financiei, muito menos financiei, não tenho relação alguma com o 8 de janeiro, não tenho relação alguma com ninguém dessas pessoas que foram para os quartéis generais. Aí eles dizem que há mensagens minhas com pessoas que eu seria um mentor, um articulador do 8 de janeiro e de de bloqueios de estrada, mentira, mentira”, diz Jordy.

Entre os alvos da operação desta quinta também estão pessoas que montaram acampamento em frente a Segunda Companhia de Infantaria, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. O ministro Alexandre de Moraes também autorizou a quebra de sigilo e de mensagens de todos os investigados.

Apesar de o próprio Carlos Victor de Carvalho ter postado selfies nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a defesa disse que ele não teve envolvimento e nem estava em Brasília naquele dia. Sobre a relação com Carlos Jordy, a defesa disse que CVC apenas participou da campanha eleitoral do deputado.

Fonte: Jornal Nacional