Cabral abre mão de ser tema de enredo de escola de samba no Rio
O ex-governador Sérgio Cabral anunciou nesta sexta-feira que não será mais tema de escola de samba no carnaval de 2024. Em vídeo no perfil do Instagram, o ex-governador afirma ter abdicado do convite da União Cruzmaltina, formada por torcedores do Vasco da Gama, para defender um enredo sobre o estádio São Januário, que não recebe torcedores desde junho deste ano.
“É hora de todas as frentes vascaínas, inclusive a escola de samba, de abraçarmos a história do Vasco”, disse o ex-governador. “Os últimos acontecimentos exigem que a nação vascaína se una em torno não da biografia de uma pessoa, de um ídolo, político, de um vascaíno ilustre. Esse momento exige que todos nós, vascaínos, façamos homenagens á história do Vasco, a história de criação do Vasco”, disse, e relembrando a história de São Januário. Horas depois, o presidente da agremiação, Rodrigo Brandão, fez uma live para falar dos novos planos da escola.
Em junho, após uma confusão em São Januário durante o jogo contra o Goiás terminou com a ação do MP que resultou na interdição do estádio, em decisão do Tribunal de Justiça do Rio. Desde então, o clube, que só conseguiu liberar partidas sem torcida na Colina, tenta reverter judicialmente a situação. Paralelamente às conversas com o MP, o clube recorreu no Superior Tribunal de Justiça.
A União Cruzmaltina desfila na Série Prata, uma espécie de terceira divisão da folia carioca. O desfile iria propor vai contar a história do ex-governador “desde a infância, passando pelo jornalismo e adentrando em sua vida pública”, como explicou à época, Brandão, e chegou a ser batizado: “De degrau em degrau, a descoberta de um novo Cabral”. O ex-governador havia decidido participar do desfile.
O dirigente classifica Sérgio Cabral, que saiu da cadeia em dezembro do ano passado, como “um dos maiores políticos da história do nosso país” e o “melhor governador” que o Rio já teve. Em divulgação nas redes sociais, em julho, um vídeo trazia uma série de imagens associadas à gestão de Cabral, como as obras da linha 4 do metrô e as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Após o anúncio, o ex-governador do Rio chegou a participar de uma feijoada em sua homenagem, numa das sedes do clube vascaíno. Após a repercussão, o clube negou ter relação com a escola de samba.
Cabral deixou a unidade prisional da Polícia Militar em dezembro de 2022, após passar 2.223 dias — ou pouco mais de seis anos — atrás das grades. Ele seguiu para um apartamento da família em Copacabana, onde passou a cumprir prisão domiciliar.
Cabral foi alvo de 24 condenações, a maior parte por corrupção, e acabou submetido a penas que somam mais de 400 anos de prisão O ex-governador foi acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina. “Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro… É um vício”, disse ele ao depor na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em 2019.
Fonte: O Globo