Botafogo e o desafio de reconquistar a esperança
O pênalti para o Botafogo contra o Coritiba, na última quarta-feira (29), era mais do que um simples momento em campo; era a oportunidade de resgate de uma redenção mínima, proporcionando, mesmo que momentaneamente, uma quarta-feira de alívio, um chope na quinta e um fim de semana descontraído à beira da praia antes do futebol. Gol. Tiquinho Soares, por um instante, trouxe a saudade da paz para essa torcida apaixonada, que merecia cada lampejo de alegria.
No entanto, mais uma vez como em toda a temporada, o minuto seguinte revelou-se uma narrativa saturada de clichês e estereótipos, como se estivéssemos presos a um roteiro previsível e cruel. O desenrolar dos eventos foi no lugar-comum, no chavão, em jogos de idas e vindas que mais parecem retirados de um manual de contação de histórias. A repetição banalizada sem embaraço levou o Botafogo a enfrentar desafios previsíveis, deixando os fãs perplexos, assombrados pela sensação submissa de nunca estar preparado.
À medida que nos aproximamos da última rodada, nesta quarta-feira, lembraremos por gerações desta temporada. Ao final, haverá menções ao campeão, mas para sempre o Brasileirão 2023 será lembrado pela refugada botafoguense. Uma chaga que será cantada nas arquibancadas, relembrada nas esquinas cariocas por tempos imemoriais, mas dará um sabor especial à vitória quando ela vier, e ela há de vir.
A segunda divisão amarga será apenas um capítulo para outros clubes, enquanto a torcida alvinegra enfrenta o desafio de redefinir a temporada como parte de sua história em constante evolução. Não há conforto que chegue à torcida neste momento, mas é racional lembrar que o clube subiu há pouco da segunda divisão, a SAF é a que melhor se desenvolve no país, e que afinal, um título nacional seria neste momento fora da curva num projeto de recuperação de qualquer clube. Que a próxima temporada traga consigo um renascimento para o Botafogo e sua apaixonada torcida.