Política

Amigo banca imóveis de luxo para presidente da Alerj com dinheiro vivo, afirma jornal

Rodrigo Bacellar, atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), subiu na vida. Literalmente. Até 2018, o deputado era um advogado do interior fluminense que não tinha casa própria nem carro. O patrimônio declarado por ele à Justiça Eleitoral não passava de R$ 85 mil. Antes de se tornar um dos homens fortes da política no estado, com ligações estreitas com o governador Cláudio Castro, Bacellar havia ocupado cargos públicos de baixo prestígio, todos por indicação, e morava de aluguel em um sobrado simples em Campos dos Goytacazes, município a 270 quilômetros da capital. A informação é do jornal Metrópoles.

Em 2018, foi eleito deputado estadual pela primeira vez e se mudou para o Rio a fim de cumprir o mandato, que seria renovado quatro anos depois, quando se candidatou à reeleição. Em dois períodos, entre 2021 e 2022, Bacellar deixou a Assembleia para ocupar a Secretaria de Governo de Cláudio Castro, que, assim como ele, é filiado ao PL. Neste ano, voltou e, com a bênção do governador, foi eleito presidente da Alerj.

Junto da ascensão meteórica na carreira política veio uma mudança expressiva no padrão de vida do deputado. Se antes vivia em endereços mais modestos, agora Rodrigo Bacellar mora em uma confortável cobertura com piscina e vista livre para o Cristo Redentor, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio, e costuma descansar nos finais de semana em uma luxuosa mansão de três andares e tinindo de nova em um condomínio em Teresópolis, na Região Serrana fluminense, conhecido retiro da alta sociedade carioca.

Os dois imóveis foram comprados recentemente por R$ 5,1 milhões. Do valor total, a maior parte foi paga com dinheiro que, até então, estava guardado em espécie. Sim, dinheiro vivo. E nenhuma das propriedades – nem a cobertura, nem a casa – está em nome de Bacellar, cujos salários recebidos nos últimos anos não alcançariam a cifra. O apartamento e a casa estão ligados, porém, a um mesmo personagem, um amigo do peito do deputado que, até agora, era pouco conhecido no mundo da política fluminense.

O homem do dinheiro vivo

Trata-se de Jansens Calil Siqueira, advogado de Campos de Goytacazes, o município de origem de Rodrigo Bacellar. Calil comprou a cobertura e a casa na montanha em 2022 e, logo depois, as propriedades foram colocados à disposição do presidente da Alerj. Ao Metrópoles ele admitiu o “favor” ao amigo poderoso e disse, sem meias palavras, que cede os imóveis por interesse. “Nada é de graça. O cara é influente e conhece um monte de gente. (…) Rodrigo abre portas para mim em decorrência do próprio cargo que ocupa”, disse Jansens Calil. Além de amigo, ele afirma que é advogado de Bacellar.

Pelo apartamento em Botafogo, Calil pagou R$ 2,1 milhões. Já a mansão na serra foi adquirida por R$ 3 milhões. Nesse segundo negócio, Bacellar teria arcado com uma parte do pagamento: R$ 500 mil, um quinto do valor total. O Metrópoles apurou que quem usa ambos os imóveis é o próprio Rodrigo Bacellar – o que Calil confirma.

Para fazer o investimento, o advogado lançou mão de uma reserva financeira: usou pelo menos R$ 3,6 milhões que guardava, em dinheiro vivo. Indagado sobre o assunto, Calil afirmou que o valor tem origem em honorários que recebeu para liberar um precatório judicial. O serviço advocatício, diz ele, teria rendido mais de R$ 11 milhões para seu escritório.

O advogado afirma que depois de receber os honorários milionários, aos poucos foi retirando parte do dinheiro do banco porque pretendia comprar uma fazenda, um negócio que precisaria ser feito com recursos em espécie. Como a transação não foi adiante, ele diz que guardou o dinheiro, usado posteriormente na aquisição das duas propriedades usadas pelo presidente da Alerj. “A grande parte guardei comigo, em casa”, disse, acrescentando que, ao comprar os imóveis, depositou os recursos no banco novamente e fez transferências bancárias em seguida para os vendedores.

Sem registro

No 3º Ofício de Registro de Imóveis de Teresópolis, a compra da mansão não tinha sido informada até esta semana. O imóvel ainda está registrado em nome dos donos anteriores. Não há, nas certidões, qualquer menção a Calil ou a Bacellar. Já a aquisição da cobertura em Botafogo foi registrada em 1º de julho de 2022 no 3º Ofício de Registro de Imóveis do Rio. Além desse apartamento, usado pelo deputado, Calil comprou a cobertura vizinha, que ele diz usar quando está na cidade.

No condomínio da região serrana, o amigo de Bacellar comprou cinco lotes de uma vez. Na área, que soma pouco mais de 20 mil metros quadrados, já havia algumas construções, incluindo a casa principal, com elevador, adega, uma suíte master de 80 metros quadrados, sauna, churrasqueira e até uma capela. Depois da compra, e antes de Bacellar passar a usá-la, porém, a propriedade passou por uma ampla reforma. Corretores da região estimam que, como está hoje, a mansão vale entre R$ 7 e R$ 10 milhões.

Fonte: Metrópoles