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A sobrevivência dos times de futebol do interior passa pelo fim da Ferj

Nos cantos mais remotos do Rio de Janeiro, onde o futebol é mais que um esporte, é uma paixão comunitária, os times do interior enfrentam uma batalha diária para se manterem ativos. Em Campos, o Americano sofre com as últimas colocações da série A2 do Carioca, enquanto o Goytacaz luta para se reerguer e manter o único estádio da cidade – tendo como último ato, um projeto aprovado esta semana na Câmara dos Vereadores que impede construções no local.

Se os clubes da capital e Região Metropolitana atraem a maior parte da atenção e dos recursos, as equipes menores do interior lutam contra uma série de desafios financeiros e estruturais. As práticas da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) têm sido particularmente problemáticas, especialmente as taxas abusivas que impõem um peso insustentável sobre esses clubes.

As taxas cobradas pela Ferj, que variam desde inscrições para competições até custos de arbitragem, representam uma parte considerável dos orçamentos limitados dos times do interior. Esses custos podem ser sufocantes e muitas vezes impedem que os clubes invistam em áreas essenciais como infraestrutura, contratação de jogadores e desenvolvimento das categorias de base. A situação para muitos times menores é de constante luta para pagar essas taxas, sem um retorno proporcional em termos de suporte ou investimento da federação.

Essa questão não é exclusiva ao Rio de Janeiro, mas no contexto estadual, as críticas à Ferj são especialmente contundentes. A percepção é de que a federação não tem feito o suficiente para aliviar a carga financeira sobre os clubes menores, exacerbando suas dificuldades.

Para mitigar esses problemas, é urgente uma revisão das taxas cobradas pela Ferj. Reduzir ou até mesmo eliminar essas taxas poderia aliviar significativamente a pressão financeira sobre os clubes, permitindo-lhes redirecionar recursos para áreas mais cruciais à sua sobrevivência e crescimento. Além disso, uma distribuição mais equitativa dos recursos gerados pelas competições estaduais é necessária. A atual disparidade entre os ganhos dos grandes clubes e o apoio recebido pelos times do interior é gritante e insustentável.

Mecanismos que garantam uma distribuição mais justa dos recursos televisivos, patrocínios e premiações poderiam fortalecer a base do futebol estadual. Programas de desenvolvimento sustentável são igualmente importantes. Incentivos para a formação de jovens talentos, apoio à infraestrutura básica dos clubes e capacitação administrativa são passos essenciais para garantir a sobrevivência e prosperidade dos times do interior a longo prazo.

A discussão sobre o futuro do futebol do interior no Rio de Janeiro requer ações concretas. A Ferj e outros órgãos responsáveis têm a obrigação de agir decisivamente para garantir que o futebol não seja um privilégio dos grandes centros urbanos, mas uma fonte de orgulho e identidade para todas as comunidades do estado. As mudanças necessárias são claras e urgentes, e a inação não é mais uma opção.