A história de Betinho, no Globoplay, inspira e emociona sob o espírito altruísta de Natal
“Betinho: No Fio da Navalha” emerge como uma obra televisiva notável, cujo brilho principal reside no trabalho excepcional de Júlio Andrade. Desde os anos 1960, onde somos apresentados a um Betinho (interpretado por Antonio Haddad na infância) sofrendo de úlcera enquanto lida com questões de saúde hereditárias, até as complexidades de sua vida adulta, a série de oito episódios tece uma narrativa envolvente e emocional.
O primeiro episódio estabelece as bases, mergulhando na infância isolada de Betinho, com a tuberculose moldando seu mundo. A produção exala qualidade desde o início, mas é no segundo episódio que a trama ganha um impulso significativo, especialmente na comovente sequência de seu retorno do exílio, entrelaçada com registros reais da época, capturando a atmosfera única da transição para a democracia no Brasil.
A série não se limita a ser uma mera biografia factual; ela transcende, capturando a essência de Betinho e seu impacto duradouro. As cenas em que ele se envolve na clandestinidade, empregando-se em uma fábrica e mobilizando operários, às vezes flertam com o panfletarismo, mas contribuem para um retrato multifacetado do ativista.
O elenco, composto inteiramente por talentos, destaca-se pela química palpável nas interações familiares durante os almoços de domingo, transmitindo autenticidade às relações retratadas. A caracterização, a cargo de Martín Macías Trujillo, merece aplausos pela atenção aos detalhes que enriquecem a experiência visual.
No entanto, é inegável que Júlio Andrade se destaca como a peça central dessa produção. Sua entrega irrestrita e impressionante transforma Betinho em um ser real, complexo, corajosamente imperfeito. Andrade mergulha profundamente no papel, equilibrando maestria técnica com uma expressão emocional pura, resultando em um retrato grandioso.
A ambição da série em retratar Betinho, uma figura cujo legado ecoa mesmo após sua morte em 1997, é atingida com louvor. “Betinho: No Fio da Navalha” não apenas presta homenagem a um ícone, mas também entrega uma narrativa envolvente e relevante, destacando a urgência do compromisso social. Uma obra televisiva que não apenas merece atenção, mas também recomendação entusiástica.