Porto do Açu vai descomissionar três plataformas da Bacia de Campos, novo mercado bilionário no ramo de petróleo
A diretoria do Porto do Açu acaba de assinar um contrato com a Petrobras para pré-descomissionar três plataformas na Bacia de Campos. O acordo prevê a atracação temporária das unidades de produção da estatal para a realização de atividades prévias ao desmantelamento das estruturas. O valor do contrato não foi divulgado, mas o processo de descomissionamento é um novo mercado bilionário no ramo de petróleo e gás.
O descomissionamento é a prática na qual os equipamentos, cuja produção já foi interrompida, são desmontados para serem reaproveitados pela sociedade. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), este novo deve alcançar R$ 9,8 bilhões apenas neste ano. A previsão da agência é de descomissionar 16 plataformas e 9.892 poços nos próximos cinco anos.
Segundo José Firmo, CEO do Porto do Açu, trata-se do início de um “potencial hub de descomissionamento” no complexo logístico-industrial. O executivo acredita que o Brasil está prestes a implantar um modelo inédito de desmonte de topsides através do conceito de destinação sustentável proposto pela Petrobras.
“Ela [a Petrobras] está inaugurando um novo conceito que deve perdurar no país pelos próximos trinta anos. Para o Açu, é extraordinário estar na gênese deste processo”.
Firmo acrescenta que a infraestrutura do Porto do Açu está pronta para receber simultaneamente as três plataformas. O prazo de mobilização é de 60 dias. Até lá, serão feitos pequenos ajustes no cais para abrigá-las.
A previsão é que até duas unidades cheguem em São João da Barra (RJ) ainda em 2023. Uma delas será a P-32, cujo contrato de descomissionamento ofoi arrematado pelo consórcio Ecovix/Gerdeu em junho. De acordo com a Petrobras, ainda estão previstos os desmantelamentos de duas FPSOs e uma plataforma submersível para este ano.
Enquanto isso, o CEO já vislumbra os próximos passos para fortalecer a posição do Açu no filão do descomissionamento. “Pode ser que a gente consiga expandir no próximo ano, por exemplo, para o upcycling, de modo a fomentar a economia circular no Brasil. Tem uma série de aspectos que estamos considerando no futuro. A intenção é expandir”, disse.
Indagado se o Porto do Açu tem planos para atuar diretamente no desmonte das plataformas, Firmo pontuou que o foco reside em outras soluções de engenharia. “Não vemos uma opção imediata de dique seco no Açu”, garantiu. Mas ele destaca que será muito fácil iniciar e expandir o hub. “O Açu já tem uma vocação natural para condensar o hub subsea e expandir para um hub de descomissionamento de topside“, antecipou.
Por fim, o executivo chama atenção para o fato de que o desmanche de plataformas pode impulsionar a produção de aço de baixo carbono no Brasil. “Diante da quantidade de plataformas que temos, faz todo sentido descomissioná-las, criar conteúdo local, desenvolver a cadeia produtiva e descarbonizar a nossa indústria siderúrgica com sucata. Não podemos deixar a oportunidade escapar do país”, alertou.
Por sua vez, o diretor de Administração Portuária de Porto do Açu, Vinícius Patel, reforçou que o empreendimento possui uma infraestrutura náutica ímpar para abrigar modelos integrados de projetos de descomissionamento que visem à economia circular.
“Temos no Açu uma infraestrutura que poupa muito tempo de mobilização. No que se refere à parte de bioincrustação de coral-sol, por exemplo, temos um dos poucos terminais brasileiros capazes de realizar este tipo de serviço. E fazemos tudo isso com 100% de conteúdo nacional”, finalizou.
Ao todo, a Petrobras planeja investir US$ 9,8 bilhões em descomissionamento, incluindo o abandono de poços, no período de 2023 a 2027. Isso inclui 26 plataformas, 360 poços marítimos e 2,5 km de risers.
*Com informações do Petróleo Hoje