Mesmo interditado, Coreto do Liceu é utilizado e não tem sinalização

A interdição do coreto da Praça do Barão do Rio Branco, mais conhecida como Praça do Liceu, ficou restrita às notas oficiais. Anunciada em 16 de julho como medida de segurança pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o local não conta com qualquer sinalização e vem sendo utilizado normalmente por visitantes e pessoas em situação de rua, conforme constatou a equipe de reportagem do Portal Goytacazes.

O acesso às escadas do Coreto não conta com qualquer obstrução, nem mesmo uma faixa sinalizando a interdição. No local é possível ver ainda objetos utilizados por pessoas em situação de rua, que costumam dormir no local.

Em 8 de julho, um dos bancos da praça amanheceu com o assento quebrado. O equipamento histórico, que remete aos troncos das árvores, foi fabricado com técnicas que não são mais utilizadas nos dias de hoje.

Na semana seguinte, o Inepac anunciou a interdição do coreto, que então contava com uma faixa. Na ocasião, o Inepac informou em nota “que a interdição do coreto foi realizada em virtude do atual estado de conservação do bem e para evitar aglomerações no equipamento. O Instituto reforça que a medida é de segurança e que é apenas para o coreto”.

Tombado em 1985

O coreto da praça é considerado um patrimônio cultural do Estado desde 1985. No site do Inepac, o bem é descrito como:

“O coreto, com sua tipologia arquitetônica característica, é um dos traços culturais mais simpáticos no rosto das pequenas cidades do interior fluminense e dos subúrbios cariocas. Simboliza o prazer e os sentimentos populares das mais diversas maneiras: como palanque de campanhas políticas e cerimônias religiosas, como centro do carnaval carioca de subúrbio e espaço para solenidades cívicas, mas sempre, fundamentalmente, como lugar da retreta com sua pequena banda, seus dobrados, valsas, polcas e maxixes. Surgiu na época da adoção do espírito romântico na concepção das praças, jardins e de seus equipamentos urbanos, destacando-se por seu aspecto pitoresco. Deve seus detalhes exóticos, muitas vezes, à importação de elementos fabricados em ferro em países como a Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha.

A ampla praça Barão do Rio Branco, ladeada pelo Fórum e pelo antigo solar do barão da Lagoa Dourada, mantém ainda o agradável ambiente de praça de interior, reforçado pela presença do atraente coreto aí construído. O curioso formato de sua cobertura sustentada por elementos estruturais em ferro e a longa escada de acesso vencendo um embasamento de grande altura individualizam este coreto que sobressai no contexto da praça”.

Degradação da história de Campos

No último sábado (5/8), foi a vez da estátua de Tiradentes, no Centro, amanhecer vandalizada. Partes da cabeça estavam estilhaçadas no chão. A estátua fica na Praça Tiradentes no trecho da Rua Carlos de Lacerda, onde eram as instalações do prédio do antigo Hotel Flávio – outro patrimônio histórico que sofre no município, mas neste caso, pelo descaso das autoridades.

Recentemente, a Prefeitura de Campos anunciou a instalação de 300 câmeras de segurança na cidade até o fim do ano. O município, porém, não divulgou os locais onde serão instaladas nem o critério de definição.