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Apesar da riqueza, falta desenvolvimento econômico em Campos, diz jornal Extra

O Extra, jornal do Grupo Globo, publicou na edição desta sexta-feira (6), uma matéria destacando a riqueza da Prefeitura de Campos, mas destacou a falta de desenvolvimento econômico no município. A reportagem pontuou também a falta de investimentos em áreas importantes da cidade como transporte público, educação e mobilidade urbana. Confira abaixo.

Campos dos Goytacazes é um dos municípios fluminenses que mais recebem royalties de petróleo. De acordo com o Info Royalties da Universidade Cândido Mendes, de 1999 até 2021, o montante chegou a R$ 30,4 bilhões. Somente em agosto deste ano, o valor arrecadado foi de R$ 55,1 milhões. A riqueza obtida tem contribuído para uma boa situação das contas do município, como mostra o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF). No entanto, a realidade de parte da população reflete avanços sociais lentos, um dos grandes desafios para o futuro prefeito.

Dados de julho deste ano revelaram a diminuição do número de campistas que vivem em estado de pobreza, em comparação com dezembro passado. Atualmente, são 220.777 incluídos no Cadastro Único de famílias que recebem até meio salário-mínimo (R$ 706) por pessoa ou que ganham até três salários-mínimos (R$ 4.236) de renda mensal total. No último mês de 2023, havia 237.778. Ainda assim, a quantidade atual mostra que quase metade da população — 220.777 de 483.540 habitantes , segundo o Censo 2022) — vive em condição de pobreza.

A extrema pobreza é outra realidade local e foi acentuada pela pandemia. Em 2021, a Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social de Campos declarou que havia 47,6 mil famílias em condição de extrema pobreza. Cada pessoa dessas famílias vivia com até R$ 89 por mês.

Entre os desafios há também a mobilidade urbana e o aumento do nível de investimentos. Quanto à educação, os resultados também precisam melhorar. O Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC) revela nível crítico nas áreas educacional e cultural. Há poucos centros, casas e espaços de cultura; nível baixo de jovens de 19 anos com ensino médio concluído e baixo número de professores da rede pública — educação infantil e ensino fundamental — com formação no ensino superior.

Já de acordo com o IFGF, apesar da boa situação das contas na cidade, o nível de investimento local é crítico e há pouca autonomia para cobrir os custos da prefeitura sem depender de transferências. Campos chegou a ter nos anos de 2013, 2014 e 2016, no governo de Rosinha Garotinho, nível excelente de investimentos. Mas durante os governos de Rafael Diniz (2017-2020) e do atual prefeito, Wladimir Garotinho (PP), o índice regrediu para crítico.

Segundo o relatório, para que o município do Norte Fluminense potencialize o desenvolvimento socioeconômico local, será necessária uma reavaliação contínua do Código Tributário Municipal, assim como a conclusão da duplicação da BR-101, em atuação conjunta com o governo federal, incluindo os acessos aos distritos industriais. A Firjan também sugere a necessidade de maiores investimentos na educação pública e a importância de adequar a infraestrutura — água, energia, gás natural e internet — dos distritos e dos condomínios industriais.

O último Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR/2021) destacou que o baixo investimento municipal está refletido em um nível de desenvolvimento sustentável muito baixo na área de Indústria, Inovação e Infraestruturas.

Transporte é apontado como desafio
Mais uma vez, no período de campanha para as eleições municipais de Campos, a mobilidade urbana e o transporte público figuram como desafios do próximo governo. Em maio, a prefeitura anunciou a renovação completa da frota de ônibus, com o investimento de R$ 540 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que gera expectativas.

Uma das reclamações recorrentes entre os campistas é a dificuldade do acesso ao transporte em algumas áreas da cidade, o que tem provocado protestos. Atualmente, a insatisfação com o serviço é alta. Em junho de 2023, uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense examinou a realidade do bairro de Ururaí para exemplificar a questão: 69% dos moradores avaliam o transporte público como ruim/muito ruim, 20% classificam como regular e somente 7% avaliam como ótimo/bom.

A pesquisa constatou que essa população enfrenta dificuldades relativas à disponibilidade de transporte coletivo, oferta de horários, condições dos ônibus, custos com a tarifa e lotação. O levantamento Também identificou os ônibus como principal meio de transporte no trajeto casa-trabalho, sugerindo maior dependência desse meio.

*Texto retirado na íntegra do jornal Extra