Cidades

Consultório LGBTQIA+ completa um mês de atendimento

O primeiro Ambulatório de Acolhimento da comunidade LGBTQIPN+ de Campos, equipamento da Prefeitura, completou um mês de atividades nesse domingo (28). Desde a sua inauguração, 53 pessoas estão em acompanhamento no local, que oferece atendimento de saúde com técnico de enfermagem, psicólogo, psiquiatra, assistente social e endocrinologista para aqueles que desejam realizar a hormonioterapia. Do total de pacientes atendidos, 10% são gays, 10% lésbicas, além das pessoas trans e travestis, que somam 50% dos atendimentos. Além das pessoas que buscaram atendimento no ambulatório, as equipes da administração realizaram busca ativa, entrando em contato com 37 possíveis pacientes.

O equipamento, que funciona na Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, faz parte de uma parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social com a Secretaria Municipal de Saúde, através da Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção à Saúde (Subpav).

Através do ambulatório, que funciona na sede da Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, à população LGBTQIPN+ ainda pode solicitar, por meio de avaliação, todos os serviços contratados pela Saúde, como consultas e exames. Esse caminho tem sido de sucesso na cidade, segundo a coordenadora do ambulatório, Erikha Gomes.

“Para todos os lugares que a gente encaminha, as pessoas estão sendo bem atendidas, bem acolhidas, porque os profissionais de outros equipamentos já sabem do nosso atendimento. Campos saiu na frente. No dia da inauguração, no dia 28 de junho, saiu uma lei que obriga municípios a terem um ambulatório voltado para a população LGBTQIA+. Então, Campos foi uma cidade pioneira”, disse.

O espaço também disponibiliza outros medicamentos que são distribuídos pela rede básica. Ainda de acordo com a coordenadora, existe a preocupação com o uso de medicamentos sem acompanhamento médico, que era recorrente antes, devido à necessidade durante o processo de transição.

A gente tem a preocupação de fazer o primeiro atendimento com a enfermagem, porque a aplicação de hormônio de forma indevida pode causar uma série de problemas, como trombose e complicações da tireoide. A gente tem a preocupação de fazer esse cuidado ser de verdade, porque é preciso conscientizar de que elas precisam se cuidar com endocrinologista, além do atendimento com psiquiatra e psicólogos, já que muitas pessoas chegam aqui adoecidas mentalmente”, explicou.

Joana começou a transição há seis anos, ainda era menor de idade. Sem o apoio dos pais, ela nunca perdeu a vontade de lutar pelo que acreditava. “Para a comunidade de mulheres trans e travestis, não respeitam a nossa condição e nem o nome social. Existe uma discriminação muito grande, então, eu fiquei vários anos sem ir a uma consulta e tomava meus medicamentos em casa, sem supervisão. A ideia de ter um ambulatório nos traz uma segurança e um atendimento exemplar. A equipe de enfermagem e de médicos sabe da nossa necessidade, como os medicamentos e tratamentos necessários.”

Muitas pessoas chegam até o consultório contando histórias parecidas, por isso, o trabalho é tão importante não só para atender a população LGBTQI+, como também qualificar os profissionais da área.

“Historicamente, a população LGBTQIA+ não é acolhida nos serviços de saúde. Por vezes, não tem seu nome social respeitado e não tem a sua demanda compreendida exatamente pelos profissionais de saúde. Então, a gente percebe que o ambulatório foi necessário, porque essas violências aconteciam muito. Com o equipamento, por mais que um serviço novo, a gente vai capacitar essa rede a partir da experiência da nossa equipe, levando informações e conhecimento do modo de atender e trabalhar”, disse o psicólogo do ambulatório, Leonardo Bittencourt.

O equipamento faz parte de uma parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social com a Secretaria Municipal de Saúde, através da Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção à Saúde (Subpav).

“É uma vitória para o público LGBTQIA+ ter esse ambulatório, porque as políticas públicas precisam se voltar para essa comunidade, porque, diferentemente de outros públicos, como crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, que contam com toda postura de compreensão e solidariedade da sociedade, o público LGBTQIA+ não conta com isso. Que cabe a nós, trabalhadores do SUAS, reconhecer as necessidades específicas dessas pessoas e atendê-las da melhor forma para que tenham seus direitos garantidos”, explicou a secretária municipal de Desenvolvimento Humano e Social, Aline Giovannini.

O atendimento do Ambulatório LGBTQIAPN+ na Igualdade Racial e Direitos Humanos segue o modelo de funcionamento de outros ambulatórios, sempre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A SIRDH fica localizada na Rua Comendador José Francisco Sanguedo, 129, no Centro.